8 de dezembro de 2023

Projeto prevê enriquecimento da merenda escolar com farinha de jatobá e produtos regionais

Projeto prevê enriquecimento da merenda escolar  com farinha de jatobá e produtos regionais
Ideia é construir a cadeia de valor desse fruto no espigão divisor Aguapeí e Peixe

Foi realizada na última terça-feira, dia 5 de dezembro, a primeira demonstração das potencialidades da farinha do jatobá (Hymenaea sp.) para enriquecimento da merenda escolar a secretários municipais de Educação e nutricionistas dos municípios da Nova Alta Paulista.

A iniciativa é inédita por aqui, uma vez que o fruto não faz parte dos hábitos alimentares regionais, sendo centenariamente apreciado entre os povos indígenas e comunidades tradicionais. Rico em cálcio, potássio, magnésio, fibras e proteína, o fruto vem se tornando conhecido entre os que apreciam a alimentação saudável e natural.

O evento aconteceu na Cozinhalimenta de Adamantina, vinculada à Secretaria Municipal de Agricultura, e contou com o apoio técnico do agrônomo Maurício Konrad, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) de Adamantina, e do diretor do Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de Dracena, agrônomo Paulo Martin. Também compondo a rede de cooperação, participaram a Cooperativa Agrícola Mista Familiar da Região de Adamantina (CAMFRA) e representantes da Rota das Frutas de Adamantina.

A novidade ficou por conta do jatobá e, com ele, foram apresentados nove tipos de pães feitos com ingredientes regionais: jatobá, batata-doce, coco, ora-pro-nóbis, beterraba, abóbora-cabotiá, amendoim, maçã e melancia, além do bolo de jatobá e panetone recheado com brigadeiro de jatobá. Como acompanhamento foram servidas manteiga enriquecida com ora-pro-nóbis, manteiga enriquecida com jatobá e cebolete, geleia de manga e de beterraba. Como sobremesa, a novidade foi o delicioso sorvete de jatobá.

As criações gastronômicas foram desenvolvidas pelo chef Édipo Willian dos Santos, de Parapuã, e por sua esposa, também chef de gastronomia, Glaucielen dos Santos. Investindo na tecnologia de alimentos, o casal vem se dedicando especialmente a receitas voltadas a pessoas com restrições alimentares, explorando as potencialidades da farinha desse versátil e nutritivo fruto nativo.

O Projeto Jatobá nasceu em 2019 e, por meio de uma ampla rede de cooperação técnica, científica e solidária, vem se construindo a cadeia de valor desse fruto nativo, estruturada nas dimensões low-tech e high-tech. Na primeira, utilizando baixo emprego de tecnologias industriais, as ações envolvem o processamento da polpa utilizando técnicas tradicionais para obtenção da farinha, até o desenvolvimento e enriquecimento de receitas populares. Na segunda, utilizando tecnologia de alimentos, já temos o vinagre, desenvolvido pela vinagreira Dom Spinosa, de Assis (SP), e as inúmeras técnicas gastronômicas e receitas exclusivas desenvolvidas pelo chef Édipo e por sua esposa.

A obtenção da matéria-prima constitui a base da cadeia produtiva e tem despertado o interesse de pequenos agricultores, aposentados e jovens, que passaram a coletar os frutos nas árvores espalhadas no campo, em praças públicas, margens de rodovias e terrenos urbanos. Antes desperdiçados, o extrativismo tem proporcionado renda extra aos coletores, assim como o trabalho esporádico do processamento.

A introdução da farinha de jatobá na merenda escolar, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), cria novas demandas para esse valioso recurso natural, enriquecendo o cardápio dos estudantes e gerando renda aos coletores, especialmente agricultores, que têm a árvore em suas propriedades.

Por ser sazonal, a farinha de jatobá se junta aos produtos regionais, ampliando as opções dos menus servidos nas escolas. Para ampliar a oferta, será feito o mapeamento informatizado das árvores remanescentes e incentiva-se o plantio de mudas, somando-se mais de 10 mil mudas já plantadas em várias propriedades da região, também com parceria.

“Há um longo caminho a percorrer, os primeiros passos estão sendo dados”, finalizou a Prof.ª Dra. Izabel Castanha Gil, coordenadora do Projeto Jatobá.

 

Por Prof.ª Dra. Izabel Castanha Gil

Revisado por Daniel Torres

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