17 de novembro de 2022

Pacaembu: mãe recebeu foto da filha morta em grupo de WhatsApp; três são identificados pela Polícia

Pacaembu: mãe recebeu foto da filha morta em grupo de WhatsApp; três são identificados pela Polícia
Polícia Civil investiga responsáveis pelo compartilhamento de imagens da criança morta.
A catadora de recicláveis Dara Geovanna dos Santos Moreira, que perdeu a filha no atropelamento e ainda vivenciou imagens da criança morta em grupos de mensagens (Foto: Diego Fernandes | Folha Regional Pacaembu).

Uma reportagem especial do jornal e site Folha Regional, publicada nesta quarta-feira (16), mostrou o drama vivido pela catadora de recicláveis Dara Geovanna dos Santos Moreira, 26 anos, de Pacaembu, mãe da menina Alici Geovanna Moreira da Fonseca, de 8 anos, que morreu após ser atropelada por um ônibus circular da Prefeitura de Pacaembu. O caso foi na última sexta-feira (11). Em meio à tragédia familiar com a morte da criança, ela recebeu fotos da filha morta publicada em grupo de WhatsApp em que participa.

O caso pode caracterizar crime de vilipêndio de cadáver, e é investigado pela Delegacia da Polícia Civil em Pacaembu. Em nova reportagem nesta quinta-feira (17) o jornal e site Folha Regional atualizou que três pessoas que teriam compartilhado as fotos da criança morte, no WhatsApp, já foram identificadas, serão intimadas e deverão prestar depoimento à autoridade policial nos próximos dias.

Desesperador 

Ao jornal e site Folha Regional, a catadora de recicláveis Dara Geovanna dos Santos Moreira contou sobre o choque, ao ver a imagem da filha, sem vida, compartilhada no aplicativo de mensagem. “Foi desesperador ver aquela cena na tela de meu celular, jamais imaginei me deparar com uma situação daquela, em que minha filha aparecia toda ferida, ainda com a bolsa da escola nas costas e já sem vida. Foi como se uma faca tivesse sido cravada em meu peito”, disse.

A mãe relatou que de imediato, e mesmo sem chão, pediu às pessoas do grupo, no WhatsApp, que parassem de publicar e encaminhar o conteúdo. Ela teve a informação de que a foto passou por vários outros grupos e aplicativos de mensagens, se espalhando rapidamente. “Não desejo para ninguém essa situação. Ninguém merece ver a própria filha ou alguém que ama daquela forma. Uma cena que jamais sairá da cabeça”, desabafou.

Crime de vilipêndio 

A reportagem do jornal e site Folha Regional foi buscar esclarecimentos sobre este tipo de crime, e ouviu a advogada Ana Carolina Valença. A profissional destacou que a prática caracteriza crime de vilipêndio de cadáver, previsto no artigo 212 do Código Penal Brasileiro, cuja pena é de 1 a 3 anos de detenção e multa.

A advogada pontuou que já existe em tramitação no Senado um pedido para o aumento desta pena para quem expõe, fotografa e compartilha fotos de pessoas em óbito. Além de ser ilegal, é imoral e fere os familiares e pessoas próximas da vítima.

De acordo com a profissional, os familiares da pessoa exposta neste tipo de propagação de imagens, podem ingressar com uma ação de danos morais contra o autor. “Quem fotografa, armazena, envia e compartilha este tipo de conteúdo, está sujeito à aplicação da lei e a responder processo judicial, por isso, todo o cuidado é pouco ao manipular vídeos, imagens e outros materiais neste sentido”, destacou Ana Carolina Valença.

Três pessoas foram identificadas e serão intimadas

O desdobramento mais recente acerca das investigações sobre o compartilhamento de fotos da criança morta pelo aplicativo de mensagens foi atualizado nesta quinta-feira (17) em nova reportagem do jornal e site Folha Regional.

Em um trabalho ágil e de inteligência realizado pela Polícia Civil de Pacaembu, chefiada pelo delegado Alex José Marin Leite, foram identificadas três pessoas que teriam compartilhado fotos da menina, após seu atropelamento.

A apuração ocorre no inquérito aberto que apura eventual crime de vilipêndio de cadáver. “Os primeiros identificados são dois homens e uma mulher que serão intimados e que deverão ser ouvidos nos próximos dias. Contamos com provas que materializam o inquérito e há ainda a possibilidade de que novos nomes surjam diante das oitivas, já que que o conteúdo foi compartilhado via aplicativo de mensagens, em grupos e entre várias pessoas”, destacou o delegado ao jornalismo do Folha Regional.

 

Fonte: Siga Mais

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