No agonizante planeta da Morte!
Despertando todas as manhãs nesse líquido tapete verde, envolvido por uma frágil bolha de sabão azulada, suspensa sobre o nada, onde habitantes, como espectros violentos e rastejantes, observam com olhares obtusos ou circunspectos, para o ser igual a si que desperta ao seu lado ou após as paredes grossas e ásperas dos monstros erguidos para separar vivente do vivente!
Nada faz sentido, mas aqueles que sentem, gotejam lágrimas e despertam o asco dos insanos e insensíveis.
Galhos secos, em forma de mãos, se entrelaçam, mas não para abraçar, apenas para sufocar e destroçar.
Onde temos escadas de emergência ou saídas de socorro? Onde inalar oxigênio, se o ozônio se esvai nas fumaças densas de queimadas de almas que traziam limpidez e suave brisa refrescante?
Quando será que esse finito habitante em sua morredoura morada, vai erguer a fronte e não orgulhoso e ufanado, a receber medalhas, mas virar a cabeça na linha do horizonte para visualizar, corpo e alma do seu semelhante?
Resta a lastimosa vulnerabilidade dos corações pulsantes, dos olhares amenos, dos remanescentes doutrinados em amor. São raros esses seres e estão em extinção.
A bolha azulada se contrai, o tapete esverdeado, tem aspecto de queimada; a seiva preciosa que sustenta a vida, está infectada e seca nos veios de mercúrio por minério e riquezas.
Explosões rompem por toda parte, a velocidade unida a ambição e ganância, criou pássaros de ferro e de fogo; suas asas lampejam trovões e misseis. Expelem crueldade e morte sobre as cidades ensanguentadas e o ser que ali habita, não tem alento nem descanso.
Se estático ficar, os rolos dos tanques de guerra o vão atropelar, se correr em velocidade e subir a serra certamente morrerá.
Há potências bélicas inovadoras, laboratórios de bilhões que acendem brilhantes luzes e cegam aqueles que vivem à sombra.
Aquele que um dia foi perseguido, esquece a dor, e vira perseguidor; abre sua boca antropófaga e devora uma nação.
O fantasiado de cordeiro, se desmascara diante do mundo: não passa de um dragão.
Sentença de morte, assinada por mortais, arrogantes poderosos, embaixadores da fome, doenças, inanição e pedras no lugar de coração.
Cadeia Ignota, grades de prisão. Caminho afunilado.
como fugir do consequente desenlace? As graves doenças de caráter, impedindo o amor e o bem por todas as vias. Falência de todos os órgãos: septicemia!
Solange Lisboa
12/04/2024
Escritora/poeta
@sollisboapoeta