27 de novembro de 2024

No agonizante planeta da Morte!

No agonizante planeta da Morte!

Despertando todas as manhãs nesse líquido tapete verde, envolvido por uma frágil bolha de sabão azulada, suspensa sobre o nada, onde habitantes, como espectros violentos e rastejantes, observam com olhares obtusos ou circunspectos, para o ser igual a si que desperta ao seu lado ou após as paredes grossas e ásperas dos monstros erguidos para separar vivente do vivente!

Nada faz sentido, mas aqueles que sentem, gotejam lágrimas e despertam o asco dos insanos e insensíveis.

Galhos secos, em forma de mãos, se entrelaçam, mas não para abraçar, apenas para sufocar e destroçar.

Onde temos escadas de emergência ou saídas de socorro? Onde inalar oxigênio, se o ozônio se esvai nas fumaças densas de queimadas de almas que traziam limpidez e suave brisa refrescante?

Quando será que esse finito habitante em sua morredoura morada, vai erguer a fronte e não orgulhoso e ufanado, a receber medalhas, mas virar a cabeça na linha do horizonte para visualizar, corpo e alma do seu semelhante?

Resta a lastimosa vulnerabilidade dos corações pulsantes, dos olhares amenos, dos remanescentes doutrinados em amor. São raros esses seres e estão em extinção.

A bolha azulada se contrai, o tapete esverdeado, tem aspecto de queimada; a seiva preciosa que sustenta a vida, está infectada e seca nos veios de mercúrio por minério e riquezas.

Explosões rompem por toda parte, a velocidade unida a ambição e ganância, criou pássaros de ferro e de fogo; suas asas lampejam trovões e misseis. Expelem crueldade e morte sobre as cidades ensanguentadas e o ser que ali habita, não tem alento nem descanso.

Se estático ficar, os rolos dos tanques de guerra o vão atropelar, se correr em velocidade e subir a serra certamente morrerá.

Há potências bélicas inovadoras, laboratórios de bilhões que acendem brilhantes luzes e cegam aqueles que vivem à sombra.

Aquele que um dia foi perseguido, esquece a dor, e vira perseguidor; abre sua boca antropófaga e devora uma nação.

O fantasiado de cordeiro, se desmascara diante do mundo: não passa de um dragão.

Sentença de morte, assinada por mortais, arrogantes poderosos, embaixadores da fome, doenças, inanição e pedras no lugar de coração.

Cadeia Ignota, grades de prisão. Caminho afunilado.

como fugir do consequente desenlace? As graves doenças de caráter, impedindo o amor e o bem por todas as vias. Falência de todos os órgãos: septicemia!

 

Solange Lisboa

12/04/2024

Escritora/poeta

@sollisboapoeta

[email protected]

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