GENOCÍDIO UM TÉTRICO ESPETÁCULO NO PALCO DO SÉCULO XXI.
Hoje escreveria sobre a dor do amor, ou melhor sobre a ” desilusão de amar”, mas me contive, como que pisando no freio ao descer a serra, pois como falaria de amor, se no mundo tem gente morrendo da dor da guerra?
Se o meu castelo de sonhos, for destruído, essa noite, amanhã cedo após o meu tranquilo café da manhã, outro poderá ser erguido.
Mas há aqueles que nem conseguiram dormir e nem acordados podem sonhar, pois nem em suas casas puderam ficar. Há mísseis armados prontos para detonar, e não sabem a hora, nem qual o lugar, mas a qualquer momento os podem matar.
Se eu sentir uma dor e for ao hospital, (tem vários hospitais aqui) eu tenho médicos e remédios; mas nesse minuto, enquanto escrevo essas linhas, tem uma criança com um ferimento letal. Tem uma mulher que vai morrer por falta de um simples comprimido, um analgésico, um antibiótico, pois falta uma seringa, por faltar a mão de um médico.
Aquela faixa é tão pequena, seu nome “Gaza” tem origem na palavra árabe “Ghazzah”, que significa “fortaleza”, e nesses últimos segundos a única certeza de todas aquelas pessoas, é que mais crianças e mulheres vão morrer.
Então como eu poderia escrever um soneto da minha romântica dor? Se a resistência daquela ” fortaleza”, se esvai no genocídio. Matam o útero, para que não se conceba, matam os recém-nascidos para que não vivam, matam as crianças para que não cresçam e o mundo, assiste de pés e mãos atados, enquanto são exterminados!
Minhas dores e reclamações se tornam tão insignificantes diante dos milhares de corpos. Não há no chão daquela pequena faixa, lugar para tantos sepulcros, não há caixão, ou uma simples caixa; não há um parente para prantear, estão sob os escombros pois os explosivos acabaram de detonar.
Os médicos são mortos, para que não possam curar, as mães, para que não possam amamentar. Em poucas semanas, destruíram com mão de ferro e fúria insana, todas as cidade.
Já ficou bem claro para o mundo, a intenção desse massacre, não bastou ter dominado e humilhado durante anos, querem agora eliminar da face da terra o povo palestino, mas terão na boca o gosto acre de uma vitória com cheiro e gosto de morte.
E o sangue dos inocentes cairá sobre as suas cabeças (USA e ISRAEL); ao descerem as escadas da decrépita vida, com desespero ouvirão o choro de milhares de crianças sem vida.
E na sua morte, sob a cripta levarão o epitáfio” desprezíveis e genocidas“.
Aos Genocidas: espero que nas suas casas de luxo e lençóis de seda, não consigam dormir, nem comer, nem beber água, sem escutar no íntimo de suas consciências, o desespero das noites, a inanição, a língua lhes apegar a boca por causa da sede, pois cimentadas estão as fontes e, que não haja uma terapia capaz de lhes aliviar a culpa e a agonia.
Não posso escrever da minha dor, porque sequer consigo imaginar a dor do outro, que acuado, sem nenhuma nação que lhes estenda a mão. Isolados e entregues à própria sorte; só podem esperar a morte.
Como vamos caminhar, quando a fumaça da devastação subir, com os últimos suspiros de uma nação?
A humanidade nunca mais conseguirá erguer a cabeça, a vergonha lhes pesará sobre a fronte e suas mãos escondidas nos bolsos, cheios de dólares, estarão sujas de sangue!
E quando chegar a sua vez, quem lhes estenderá a mão?
Se o dragão, esse maldito império capitalista, olhar para as suas terras, o seu minério, as suas florestas e a sua água e abrir a boca na sua direção?
Haverá no mundo força para resistir a destruição? E quando forem os seus filhos a fugir do fogo e a chorar por pão? E de súbito, esse demônio decidir tomar a sua nação?
Preciso voltar a cantar de amor, mas para isso precisa parar o bombardeio e cessar a dor!
Solange Lisboa
@solnlisboa