23 de outubro de 2020

Em São Paulo, busca por exames de mamografia cai pela metade nas redes pública e privada de saúde

Em São Paulo, busca por exames de mamografia cai pela metade nas redes pública e privada de saúde
Levantamento da Fidi aponta queda de 53% na realização desses exames desde a chegada da Covid-19 ao país, na rede pública
Na rede privada, diminuição dos agendamentos chegou a 46%, segundo pesquisa do HCor

Ao longo de sete meses de pandemia, ao mesmo tempo em que o número de infectados pelo novo coronavírus crescia nos hospitais do país, ocorria uma redução significativa da realização de exames de rotina importantes para a saúde, como é o caso da mamografia.

É o que mostra um levantamento realizado pela Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (Fidi) – gestora de serviços de diagnóstico por imagem da rede pública – que aponta queda de 53% na busca por exames de mamografia neste período. Os números dizem respeito ao intervalo entre março e setembro, comparando o ano de 2019 com 2020.

A principal hipótese para a redução desses cuidados é o medo de contaminação pela Covid-19. “Houve uma diminuição expressiva no número de pacientes que deram continuidade ou que iniciaram seus tratamentos oncológicos, sejam eles cirúrgicos ou clínicos, neste momento de pandemia”, observa Vivian Milani, médica radiologista da Fidi.

A interrupção no acompanhamento e na realização de exames de rastreamento pode acarretar um diagnóstico tardio e, consequentemente, tratamentos mais complexos e invasivos. A radiologista destaca, ainda, que o câncer de mama tem até 95% de chances de cura se for precocemente detectado.

Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a mamografia de rotina deve ser realizada anualmente a partir de 40 anos de idade. No caso das mulheres com risco aumentado para o desenvolvimento do câncer de mama, a orientação é que iniciem esse rastreamento um pouco mais cedo. Nestes casos, o exame deve ser solicitado pelo médico que orientará a idade de início e o intervalo de tempo em que a mamografia deverá ser realizada, com base na avaliação individual.

Semelhanças com a rede privada

Com movimento semelhante de declínio, os pacientes da rede privada também se afastaram dos centros de diagnóstico, por conta do medo da infecção pela Covid-19.

No HCor, em São Paulo, uma pesquisa apontou que, desde o início da pandemia, a queda na busca por exames de mamografia foi de 46%. O comparativo foi feito entre março e setembro deste ano com o mesmo período de 2019.

De acordo com Dr. Abdalla Skaf, coordenador do Departamento de Diagnóstico por Imagem do HCor, para se ter uma ideia, nos meses de quarentena mais rígida no estado, abril e maio, essa baixa chegou a níveis de 93% e 88%, respectivamente.

“Em agosto, passamos a enxergar um movimento de retomada em nossos Centros de Diagnóstico, inclusive no agendamento e na realização de mamografias. No entanto, ainda é necessário que essa rotina seja totalmente normalizada”, comenta Skaf.

Na ponta dos atendimentos, a presença nos consultórios da Oncologia também diminuiu. No intervalo dos últimos sete meses, o hospital teve uma queda de 45% de consultas realizadas em pacientes oncológicos.

Segundo o Dr. Afonso Nazário, mastologista do HCor, a melhor forma de se fazer o diagnóstico precoce, bem como acompanhamento dos tumores de mama, é com a realização da mamografia. “O câncer de mama em média duplica de tamanho a cada 6 meses. Por isso é muito importante que as mulheres respeitem o período de retorno proposto pelo médico”, enfatiza.

Autocuidado de janeiro a janeiro

Com a chegada do mês de outubro, marcado pela conscientização e combate aos tumores de mama, a prevenção à doença ganha destaque. Entretanto, os médicos relembram que a atenção aos sinais e sintomas devem fazer parte da rotina ao longo do ano.

O autoexame é importante para que a mulher conheça bem o seu corpo e perceba com facilidade qualquer alteração nas mamas, no entanto, ele não substitui a mamografia, que é o principal exame de imagem para a detecção precoce, complementada de acordo com cada caso com o ultrassom e a ressonância magnética.

O autoexame deve ser praticado mensalmente entre o 7º e o 10º dia contados a partir do 1º dia de menstruação. As mulheres que não menstruarem devem escolher um dia do mês.

Para examinar a mama esquerda, coloque a mão esquerda atrás da cabeça e apalpe com a mão direita. Para examinar a mama direita, faça o movimento inverso, colocando a mão direita atrás da cabeça e apalpe com a mão esquerda. Já no mamilo, faça pressão suave e verifique se há alguma secreção. As axilas também podem omitir pequenas alterações, portanto, após examinar as mamas, apalpe toda a área debaixo dos braços.

Foto: Internet

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