26 de julho de 2024

De que momento vem a sua força e coragem?

De que momento vem a sua força e coragem?

É, de que momento da vida descortinou a imagem dessa mulher que hoje respira liberdade, sonha e realiza? A pergunta poderia ser de” onde”, mas a verdade é que em algum momento da vida nos deparamos com a nossa imagem refletida no espelho, como talvez nunca tenhamos visto.

 

E pela primeira vez, nos surpreendemos com um olhar crítico, não de depreciação, mas de autoconhecimento, de admiração e tomada de decisão, como se, de repente, a visão clareasse, o véu fosse retirado e todos os medos se dissipassem.

 

É nessa hora que descobrimos que temos força interior, uma força que nos acompanha desde o nascimento, a garra de viver, aquela tenacidade que faz com que sintamos repulsa pelo que é injusto e castrador. E quando chegamos a esse momento na nossa existência, não temos mais como recuar.

 

O que me levou a essa autoanálise, foi um dia comum, quando de maneira inesperada, lá estava o meu eu refletido na tela do tempo presente, e pensei: os meus fantasmas morreram todos há apenas alguns anos, e uma renovação intrínseca aconteceu no meu ser e então um sentimento de admiração e respeito por mim mesma brotou da minha alma e percebi que sou capaz, que sou forte, que posso ser determinada, que tenho um valor inestimável por mim mesma e diante da vida.

 

Entendi então, que um reconhecimento de valor insuspeitado estava emergindo das entranhas do meu ser adulta, guerreira e encantada pela vida, mas agora, não como uma criança indefesa, mas como uma mulher que reconhece seu valor e suas fragilidades, que se levanta sem medo para erguer sua voz, para decidir e não se deixar guiar, para ter coragem de querer e de amar.

 

Então veio a pergunta: “A que você atribui à perda dos seus medos infantis?

 

A resposta é que no momento do confronto da minha realidade madura com a antiga jovem temerosa e insegura, fui levada a sacudir o jugo dos ombros, a rasgar a capa depreciativa que envolvia minha baixa autoestima e cavar com as próprias mãos, até encontrar as virtudes que a redoma de proteção ou segregação, soterraram.

 

Muitas mulheres, ainda em pleno século XXI, estão encarceradas em situações de dependência e subjugadas em relacionamentos letais. Eu fiz parte dessa estatística, e sei muito bem do que falo.

 

Quero dizer a todas que ainda dá tempo de olhar-se ousadamente, porque a vida é um momento!

 

Solange Lisboa

Escritora/Poeta

@sollisboapoeta

[email protected]

 

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