5 de setembro de 2024

AVISTA-SE FUMAÇA NO AGONIZANTE PLANETA TERRA

AVISTA-SE FUMAÇA NO AGONIZANTE PLANETA TERRA

Como dizia meu pai, que era bem-humorado: “Desgraça pouca é miséria”.

Não bastassem as dores que já assolam toda a humanidade diante de fatos que mesmo acontecendo do outro lado do mundo, não isenta nenhum ser vivente das danosas consequências, como as guerras e guerrilhas, as injustiças, a fome, o desemprego, as calamidades, os abusos contra mulheres e crianças, o desrespeito para com as leis, vitais para se manter um mínimo de urbanidade e as inevitáveis catástrofes; agrega-se a tudo isso, os incêndios criminosos.

O Brasil e o planeta gemem; o pulmão do mundo precisa de oxigênio; toda a terra está infectada pela ganância desmedida e pela falta exacerbada de amor.

Deixo aqui meu parecer, como simples humano que caminha lado a lado com os milhares que sem poder de voz, não entram no mérito das questões, mas que sentem e observam tudo que acontece ao redor.

Os ambiciosos e calculistas, dotados de frieza, como rolos compressores, passam por cima da natureza, de qualquer vida, seja ela humana ou não, para conseguirem suas riquezas e a sensação de poder que deriva do acúmulo de valores.

Os que são esmagados, pelas camadas ditas superiores, e que formam, mesmo que involuntariamente, a base desse sistema, são os que mais sentem, são os que esperam demais por leis que venham coibir os excessos, mas já estão cansados e desanimados diante das injustiças e da impunidade.

Parece que o “bem” e o “mal” andam de mãos dadas e os valores estão envolvidos em tramas e golpes de modo que nada mais é confiável e acaba levando ao desânimo e a desesperança de que algum dia o “bem” possa desvencilhar-se do mal, e prevaleça.

Quero abrir apenas uma dessas desesperadas janelas da vida na terra. A fumaça das queimadas invade o ambiente, cega-me a vista, seca-me a garganta, mata minhas plantas e adoece os animais.

Não há mais passarinhos no imenso jardim, as árvores pereceram, as folhas e as flores derreteram sob o inferno que se alastra. Os felinos e toda espécie animal foge sem ter para onde ir, buscam água, mas não encontram, tentam respirar, mas o dióxido de carbono os sufoca.

O que pensam os que destroem a própria casa? Que mundo deixarão para seus filhos, netos e bisnetos?

Seus netos herdarão seus milhões; cofres abarrotados de moedas de ouro a preço de sangue. Para gastar com o quê? Para comprar uma bolha de oxigênio, um lugarzinho em algum outro planeta?

Desgraçadamente, perceberão que tudo o que herdaram não os pode tirar da miséria em que se encontram, das doenças que os assolam, do individualismo chocante e do desamor fatal.

Um planeta destruído; em ruínas; o que é pior, sem saída de emergência!

Será que é tão difícil entender que não haverá lugar para se firmar, quando o chão faltar debaixo dos seus pés?

Não veem que não haverá uma sombra onde possam descansar do sol escaldante?

Não veem que esse planeta que destrói é o único refúgio em todo o universo conhecido?

Será que um dia vamos chorar ao ouvir a letra de Zé Miguel e vamos nos lembrar de nosso verde das matas e do azul de nossas águas?

“Eu amo você, terra minha amada

Minha oca, meu iglu, minha casa.

Eu amo você, perola azulada,

Conta no colar de Deus, pendurada.

A benção, minha mãe.

Já aprendi a nadar em seu mar azul.

Adorar água, homem, peixe, água.

Fonte iluminada.

Já aprendi a ser parte de você.

Respeitar a vida em sua barriga.

Quantos mais vão aprender’”(Canção Pérola Azulada-Zé Miguel)

 

Solange Lisboa

Escrtora-Poeta

@sollisboapoeta

[email protected]

 

 

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