A morte da vida após a morte
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Norma Santi - Escritora
Há dias que serpenteia em minha volta,
Posso prevê-la no olhar desviado de meus filhos,
Na dor das telas de Frida,
Na canção desesperada de Neruda.
É rasteira,
Subterrânea,
Uma chaga,
Uma ferida.
Enrosca-se.
Lambe cada parte do meu corpo
Num transe,
Uma febre convulsiva.
Debatemo-nos.
Estremeço em seus olhos de Medusa
E pereço em seu riso de Monalisa.
Contorcida, chego ao antes do início,
Ao nada,
Aos mandamentos
Que Ela sussurrou em meu ouvido.
De hoje e para todo sempre,
Não brincarás no paraíso,
Não arderás no fogo do inferno,
Não aguardarás no limbo,
Não purificarás no purgatório,
Não te justificarás em juízo.
Não reencarnarás em outro corpo,
Não dançarás na Roda da Samsara,
Não terás qualquer essência,
Não terás que pagar carmas,
Da vida não levarás amarras.
Norma Santi – Escritora