Desafio de Nascer Mulher
Solange Lisboa
Mulher, mulher,
Que já foi tão esquecida e não reconhecida,
Na sociedade, consideradas seres artificiais,
Enfeitando a sala e a varanda, sem direito de fala,
Só homens valiam; elas não eram iguais!
Ensinadas a calar-se, resignar-se e aceitar.
Passos comedidos, voz em baixo tom.
Direitos só os tinham os maridos.
Eram menos que nada. Sorrisos fingidos.
Se cantavam, eram somente um som.
Resolver a vida, era coisa decidida,
Pai e pai acertavam o futuro,
Sua vontade sempre era vencida,
Escola nem era permitida,
E o amanhã era bem escuro!
Muitos anos se passaram,
Muitas mulheres lutaram, choraram
Muitas até morreram
Lutando, para que outras
Não sentissem a dor que elas viveram!
Raiou a luz sobre a escuridão,
Quando finalmente a revolução,
Industrial, Moral e Social,
Grito que já não se pode conter,
Ecoa forte e alcança razão!
Ousa mudar a triste situação,
Vem a luz, e elas possuem direitos,
Finalmente um conceito inteligente,
De que mulher não é coisa, é gente!
Que precisa de reconhecimento e respeito!
Maria da Penha, Mulher guerreira,
Emblemática, por seu brado de liberdade,
Conseguiu mudar a força do braço, por igualdade
Por direito de ser e de participar,
E nunca mais engolir o choro e nem calar.
Malala Yousafzai, veio ao mundo
chorando alto, e dando pontapés
Numa terra em que tiros Misóginos, comemoram
Nascimento de meninos.
E se escondem as meninas por trás das cortinas.
Em sua aldeia era livre como um pássaro,
Mas o Talibã estava logo ali na esquina,
Para lembrá-la de que era menina.
Mas ela se levantou, para estudar e lutar,
Sobreviver ao atentado e nunca mais se calar.
Solange Lisboa
Poeta/Escritora
@solnlisboa