Vestindo preto, professores se reúnem com vereadores e pedem que projeto de lei seja rejeitado
Temendo perdas, professores municipais pedem que Câmara rejeite projeto que muda plano de carreira.
Professores da rede municipal de ensino de Adamantina estiveram reunidos na manhã desta segunda-feira (27) com vereadores da Câmara Municipal, onde reiteraram o pedido pela rejeição do Projeto de Lei Complementar Nº 13/2021, de autoria do prefeito municipal, que “Reorganiza o Plano de Carreira e Remuneração do Magistério Público Municipal de Adamantina e dá providências correlatas”.
A Câmara Municipal esteve representada pelos vereadores Paulo Cervelheira (presidente), Alcio Ikeda, Aguinaldo Galvão, Bigode da Capoeira, Cid Santos, Noriko Saito, Rafael Pacheco e Riquinha do Bar. O encontro também teve a participação, também, do presidente do Sindicado dos Servidores Públicos Municipais de Adamantina, Nivaldo Martins do Nascimento, e do advogado que representa o grupo de professores, Luiz Antônio Mota. Iniciado às 9h, a reunião teve mais de duas horas de duração.
O PLC tramita na Câmara Municipal de Adamantina desde 13 de outubro e vai ser votado em uma sessão extraordinária convocada a partir de pedido do prefeito, interessado na sua aprovação. A sessão vai ocorrer nesta terça-feira (28), às 10h. No dia 23, semana passada, último dia de expediente da Prefeitura de Adamantina, o prefeito enviou ofício à Câmara solicitando a convocação de extraordinária para votação da pauta, em caráter de urgência.
Segundo os profissionais da educação, a proposta legislativa retiraria conquistas de anos, da categoria, além de não criar mecanismos de valorização aos educadores municipais, que atuam em creches, pré-escolas, escolas de ensino fundamental.
No começo de novembro um grupo de educadores representando todas as áreas da educação municipal, acompanhado de seu advogado, esteve reunido com vereadores e o presidente do Sindicado dos Servidores Públicos Municipais de Adamantina, onde, naquela ocasião, elencaram os pontos que consideram críticos (leia abaixo), no texto do PLC.
Protestos
Com a pintura de mensagens “Não ao PLC 13/2021” e “Professores contra PLC13/2021” em veículos, os professores também protestam contra a provação da proposta legislativa. Essa mobilização ganhou as ruas, com adesão de educadores e outros profissionais que atuam na educação municipal. Profissionais das escolas, fora do quadro do magistério, aderiram em apoio aos educadores.
Em paralelo, pelas redes sociais, os educadores também ocuparam espaços e publicaram postagens contra o PLC.
Pontos críticos
De acordo com a nota recebida pelo SIGA MAIS após a reunião ocorrida no começo de novembro, os educadores municipais dizem que a alteração legislativa municipal não estabelece critérios para a valorização dos profissionais do magistério. “Ficou claro que o próprio piso salarial do magistério, garantido desde o ano de 2008, através da Lei Federal 11.738/2008, não está sendo contemplado nas tabelas I, II, e III do anexo II, ou seja, os docentes sujeitos as referidas tabelas salariais, ficariam sujeitos a piso salarial inferior ao garantido em lei federal. Diga-se, lei federal que está em vigência há mais de uma década”, apontam. Eles destacam que a “Memória de Cálculos das Receitas”, anexada à proposta, aponta que o PL acarretará aumento de R$ 121.211,61. Segundo assinalam, esse aumento vai atingir apenas para cargos comissionados (funções gratificadas). “Restou claro que para os professores efetivos não ocorrerá a implantação de vantagens pecuniárias”, questionam
Os professores também demonstraram sua indignação com a proposta de alteração da lei existente, diante da proposta de supressão de parte do período de férias/recesso escolar que os mesmos possuem atualmente com base na lei vigente (Lei Complementar Nº 94/2007). Segundo a nota, eles apresentaram aos vereadores que referida situação constante da atual lei municipal possui entendimento pacificado no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região através da Tese Prevalecente nº 08/2018, e, que mesmo assim, o projeto de lei pretende excluir referido direito constante na lei municipal já há mais de dez anos.
Quanto as jornadas de trabalho semanal docente, a nota enviada ao SIGA MAIS em novembro diz que o artigo 25 do PL cria novas jornadas, mas não esclarece como a mesma será aplicada, caso a proposta legislativa tenha aprovação. “Referida situação ocasiona total mal estar, desconforto, e insegurança jurídica aos docentes”, advertem.
Também foi apresentada na reunião de novembro, segundo a nota, indignação dos professores com relação à proposta de alteração da promoção por antiguidade e das progressões funcionais, previstas e garantidas na atual Lei Complementar Nº 94/2007, onde “dentre as sugestões de alteração está o fato de que para o professor progredir na carreira, não poderá apresentar se quer uma falta, nem mesmo um dia de atestado médico durante o período de cinco anos”.
Da mesma forma, segundo a nota, “foi apresentado que a progressão pela via acadêmica (Art. 43 do projeto de lei), não terá sua aplicabilidade em virtude da redação do projeto de lei, vez que consta pontuação, mas o projeto de lei, não esclarece como os pontos serão utilizados para fins de progressão na carreira”, alertam. Também foi apresentado aos vereadores presentes, conforme a nota, que os requisitos para os empregos de professor de educação infantil (creche e pré-escola e anos iniciais do ensino fundamental), constantes do anexo V, não estariam em sintonia com as disposições constantes do artigo 61, inciso I da LDB. A norma dispõe: Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são: I – professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio.
Fonte: Siga Mais