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Tempo de sono de adolescentes: aulas deveriam começar mais tarde, defendem especialistas

Estudos indicam que adolescentes precisam de mais horas de sono para melhorar desempenho escolar

Tem ganhado força em todo o mundo a discussão sobre a possibilidade de alteração no horário de entrada de estudantes do Ensino Médio. O que fundamenta essa ideia são estudos recentes que provam que adolescentes sofrem um processo de mudanças biológicas que interferem diretamente no sono, o que afeta diretamente do desempenho escolar.

De acordo com a médica neurologista presidente da Associação Regional do Sono Centro-Oeste, Giuliana Macedo, adolescentes precisam, no mínimo, de 8 a 10 horas de sono por dia. Segundo ela, pessoas nessa faixa etária dormem mais por uma questão biológica.

Partindo desse pressuposto, basta fazer as contas. Com as aulas começando às 7h, como é hoje em dia, os alunos, em média, devem acordar às 6h. Para garantir 9 horas de sono, um número que está entre as 8 e 10 horas estipuladas pelos médicos como o mínimo para esse público, eles teriam que estar dormindo às 21h.

Nos Estados Unidos, mais precisamente na Califórnia, desde julho do ano passado, as escolas que oferecem turmas equivalentes ao Ensino Médio no Brasil, por lei, só podem começar as atividades a partir das 8h30. Essa é a primeira legislação estadunidense nesse sentido, mas a mudança tem repercutido mundo a fora.

Para a neurologista Giuliana é preciso alertar autoridades para a importância dessa questão. “As políticas públicas não acompanharam o avanço científico sobre esse tema”, avaliou. Mas ela reconhece que qualquer mudança afeta toda uma cadeia produtiva que tem que se adaptar.

Discussão pode ganhar corpo na esfera política

O presidente do Conselho Estadual de Educação (CEE), Flávio Roberto de Castro, disse ser favorável à mudança. Mas com um porém: para ele, que também presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiânia (Sepe), é preciso uma ação articulada com todos os setores da sociedade. “A discussão envolve os municípios, Estado e até o governo federal”, completou.

O presidente lembra que mexer no horário de entrada dos estudantes, implica em alterar a rotina dos pais. Mas, para ele, “resolvendo esses entraves, a alteração é benéfica porque deixaria os alunos muito mais aptos pra aprender. Nas escolas, o tempo deve ser de qualidade, não de quantidade”, argumentou.

Procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) informou que esse tema ainda não está em discussão na rede. De acordo com a Seduc, o assunto é mais amplo e precisa ser discutido por todo o setor produtivo, uma vez que a realidade de cada cidade é diferente.

A própria neurologista reconheceu que não adianta apenas mudar a hora de entrada na escola para garantir o sono saudável dos estudantes. “Muitos deles têm hábitos ruins, como ficar até tarde no celular, nas redes sociais, na internet. Mesmo com as aulas em um novo horário, é preciso fazer uma higiene do sono”, destacou.

 

Fonte: Jornal Opção

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