21 de novembro de 2023

“Stop killing. save the young children and women of Gaza.”

“Stop killing. save the young children and women of Gaza.”
SOLANGE LISBOA

 

Não consigo dormir. Preciso desabafar a minha consciência e a minha dor, a minha vergonha de ser chama de “Humana” e fazer parte da mesma raça, de homens que não tremem, que não tem um vacilo no olhar, na hora de escolher entre vidas humanas e a sua desmedida ambição.

Um homem aparece no meio de uma assembleia; há autoridades na bancada. Ele grita contra a guerra, “SAVE SHILDRENS OF GAZA, SAVE A GIRLS e WOMANS OF GAZA”. É um grito emocionado de quem tem consciência do que lhe iria acontecer em seguida.

Diante das câmeras de repórteres, diante do todas as pessoas que agora silenciam, ele é retirado por um soldado.

A plateia, SILENTE…

O homem continua gritando o que seu caráter e seu coração, não podem evitar:“SAVE SHILDRENS OF GAZA, SAVE A GIRLS e WOMANS OF GAZA”.

Ele é levado para fora…

A voz do homem ainda se ouve com o mesmo clamor.

DOIS DISPAROS…

Silêncio sepulcral… mulheres erguem os braços e na palma de suas mãos, o desenho de um coração vermelho, partido.

E segue a reunião, de maneira inacreditável, como se nada houvesse acontecido. E o horror silencia na alma e na impotência da escolha entre calar ou gritar e morrer!

Eu não estou contando o enredo de um filme, por mais inverossímil que possa parecer, aconteceu e acontece diante dos olhos do mundo todo; sem constrangimentos, sem misericórdia, e sem nenhuma honra!

Não pude evitar as lágrimas, não pude dormir. Não. Eu não conhecia aquele homem, mas não me era estranho. Era da mesma raça que eu. Feito da mesma matéria, com sangue vermelho nas veias.  Como eu poderia dormir?

Será que aquele soldado e os homens quem têm a responsabilidade de apertar o gatilho, vão dormir? Será que aquela voz clamando por paz e pela vida de outros, que foi silenciada com um tiro, vai silenciar na memória de homens que teriam poder para evitar, não só uma morte, mas evitar que um povo inteiro seja dizimado?

Acho que a única maneira de se livrarem daquela voz, daquele clamor, no fundo de suas consciências, seria virando a arma para si mesmo e produzindo aquele som, capaz de calar uma voz, calar o clamor de um povo, do contrário vão carrega-la com o uma trilha sonora pelo resto de suas tristes vidas.

Mas somente heróis entregam a vida por uma causa justa e nobre. Aquele homem que foi retirado da sala, assim como muitos outros, morreram com a certeza de que suas vozes, um dia, serão ouvidas e eles não terão morrido em vão.

Covardes, no entanto, vão se esconder sob a capa de justos, apresentando motivos e justificativas que nem a si mesmos, conseguem convencer, e morrerão, com o uniforme cheio de medalhas, com as mãos manchadas de sangue inocente, com o choro de mulheres e crianças em suas lembranças, porém, sem nenhuma honra, e ao som daquele grito:

 

Stop killing. save the young children and women of Gaza.

 

 

Solange Lisboa

Escritora/Poeta

@solnlisboa

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