Sem preconceito – Qual a Cor?

SOLANGE LISBOA
Usamos branco em algumas datas específicas: para esperar o novo ano, quando batizamos ou nos casamos. Vestimos nossos bebês de azul, rosa e no sétimo dia de vida: vermelho para dar sorte… Nunca sabemos por que, mas essas crendices persistem e atravessam gerações.
Todas as mulheres têm em seu armário, um ou mais pretinhos básicos (ou não), indispensáveis, para certas ocasiões (não sendo a madrinha do casamento, pode usar sem problemas).
Aqui no Norte, temos até algumas piadas sobre as contradições utilizando cores, como:
O milho-verde é amarelo, o quadro-negro é verde, o Halls preto, é branco.
Sobre o milho-verde: na verdade, o termo não tem a ver com a cor, e sim com a maturação: o milho ainda está “verde”, ou seja, não está maduro. Até ficar no ponto certo para ser colhido verde, o milho leva, em média, de 90 a 100 dias desde o plantio.
Sobre o quadro-negro: no final do século XVIII e início do século XIX, a lousa era feita de folhas finas de ardósia, rocha de cor preta ou cinza escuro, daí o nome quadro-negro.
Sobre o Halls Preto ser branco: não tem a ver com a cor da bala, mas da embalagem. Você já deve ter reparado que os Halls são classificados em tipos, sendo que cada sabor está associado a uma cor.
Enfim, as cores em geral têm presença marcante em nossa vida em todos os lugares praticamente: no trânsito (dispensa comentários);
Nos hospitais, as fitinhas (cores variadas) que colocam no seu braço, podem determinar um rápido atendimento, uma urgência, gravidade ou não.
No entanto, no meu caso, é preciso muito cuidado ao tentar identificar coisas ou situações pela cor. Sou daltônica, (Se você for daltônico, terá dificuldade em distinguir certas cores, como azul e amarelo ou vermelho e verde.)
Pois é, nesse Natal, senti na pele o tal problema com as cores, e a decepção foi grande.
Li em sites de moda, que as cores da estação esse final de ano, no Natal, seria o cenoura fechado e o verde (o tal verde-esperança).
Então, ainda no mês de outubro, tratei de comprar uma calça social cenoura e uma blusa off White (branco indeciso), como não apareceu nenhuma ocasião para usá-las, foram ficando no closet e nas vésperas de Natal, me arrumei com a dita calça cenoura e blusa off; minha filha trouxe para Belém, a meu pedido, um scarpin cenoura.
A minha sorte é que tenho bom humor e que acabei levando para me arrumar um sapato preto; quando sai do quarto com a minha calça cenoura (top da moda), minha filha olhou para mim e disse: mamãe, essa calça não é cenoura, é vermelha! (arrasada).
Como assim? Olhava para mim mesma no espelho e era cenoura
Fui para a festinha de aniversário da minha neta, usando a calça do papai Noel, mas de vez enquanto eu esquecia, pois nos meus olhos ela era realmente cenoura.
Sempre soube que tinha esse problema com as cores, mas dessa vez eu tinha certeza de que a cor da roupa era de fato a que eu estava vendo.
E assim passei a noite do dia 23 de dezembro, fazendo uma homenagem ao bom velhinho, (e rindo sozinha), tudo devido ao daltonismo!
Solange Lisboa
Poeta/escritora
@solnlisboa