Por quem choram as Nuvens?
Solange Lisboa
Quando passas tristemente sem me ver,
E meus olhos te seguem sem querer,
Se ressente e se entristece toda a natureza,
Mas caminhas indiferentes, com teu ar de nobreza!
Às vezes penso que de meu amor, desconfias,
E sorrateiramente e nas entrelinhas, me avalias,
Quanto amor se derrama de meu olhar?
Porque todas as tardes, em minha rua, vens passear.
À tua indiferença, meu coração se angustia,
Por ser tão belo, tens a alma tão fria?
Que amor o meu, que te idolatra em meu peito?
Mas acumula nuvens de dúvidas, desse jeito!
Se eu morresse de amor em um desses dias,
Quando passasses por aqui, eu não mais estaria.
Será que por falta de meu olhar, sofrerias?
Ou de contente teu rosto se alegraria?
Agora vou confessar minha dor,
Acumularam-se tantas nuvens de amor,
Que elas vão chorar de compaixão,
Guardando para sempre em meu peito, a solidão!
As nuvens vão se derramar de emoção,
Quando virem meu corpo sem vida, e sem devoção!
Vão chorar de arrebatamento
Molhando de saudades, para sempre o teu lamento!
Ao te ver frágil, tão arrependido e sem vontade,
Elas vão sentir tristeza pelas nossas vidas,
E se desfarão em lágrimas como tempestade
Por duas criaturas jazidas!
Solange Lisboa
27/06/2023
Escritora/poeta
@sollisboapoeta
