6 de maio de 2024

Ponto de convergência entre a autonomia e a dependência

Ponto de convergência entre a autonomia e a dependência

Sabemos desde o início, (a criação), para os que creem nas escrituras sagradas, ou (evolucionismo), para os que creem na teoria do inglês Charles Robert Darwin (1809-1882), que o ser humano se adapta facilmente e é moldado pelo meio em que se desenvolve, ou ainda, que participe mesmo após adulto.

Baseado em minhas próprias experiências como mera mortal, que constrói uma autocrítica, como um ser vivente que desfruta da felicidade, que sorri, sofre, busca, anseia e participa deste quadro ou janela viva, desde a metade do século XX, posso dizer das variabilidades e do aprendizado a partir de um prisma particular.

Ao participarmos de determinados ambientes (quer sejam políticos, religiosos ou mesmo, relacionamentos afetivos), somos enredados por pensamentos, atitudes e decisões, que, na verdade, não nasceram ou foram elaborados pela nossa própria razão.

Temos esse exemplo vivo, no quadro social/político no Brasil de hoje. Incitados e manipulados por um protótipo maléfico, a quem denominam “mito”, pessoas seguem absurdos, questionam a ciência, aperfeiçoam preconceitos e disseminam fakes, apoiam toda sorte de injustiça, respaldados por um falso senso de superioridade.

Não é diferente no âmbito religioso: há um controle emocional, sem nenhum amparo da razão, praticado por líderes, pessoas altamente preparadas, com uma psicologia didática, que em nome do poder da palavra de Deus, de maneira muito discreta e quase imperceptível àqueles que a buscam, convencem pessoas a tomarem decisões que irão determinar, desde a sua alimentação, maneira de vestir e até de viver a sua própria vida.

O mesmo acontece entre as quatro paredes de um relacionamento afetivo, dito toxico e manipulador, do qual posso falar categoricamente, do que vi e vivi: – minhas decisões, não eram minhas, minhas escolhas foram manipuladas e até meus sentimentos acabam camuflados, por medo, imposição ou até mesmo dependência, e eu não estou falando de dependência econômica e financeira, é de algo muito mais grave.

Não é à toa, que o escritor norte-americano Stephen King, que com sua história, dá origem a uma das maiores narrativas cinematográficas apresentadas no filme “Sonho de liberdade”, desperta a sensibilidade e leva a questionamentos mais profundos, mesmo em leigos da psicologia, como eu, que me atrevo a comentar um trecho que, a meu ver, definitivamente, resume o ponto de convergência entre a autonomia que achamos que temos e a dependência que acreditamos precisar.

Primeiro você detesta esses muros, depois se acostuma a eles e depois de muito tempo, você precisa deles”. (narração do personagem Red, na voz de Morgan Freeman – O Sonho de Liberdade).

Esse trecho, defini de maneira brilhante os muros criados para exercer controle de mente e coração e acabamos convencidos que precisamos deles.

Nas três situações acima citadas, há poder de manipulação, domínio da mente, que costumamos chamar de lavagem cerebral.

Na verdade, quando nos deixamos capturar por uma dessas tarrafas, tendemos a resistir nos primeiros momentos, porém com a tenacidade e resiliência do manipulador, acabamos cedendo gradativamente e nos acostumamos com a opressão e aceitação de ideias às quais somos induzidos e, somos levados de roldão, sem forças para repelir e finalmente, nos sentimos seguros numa malha de domínio e comando.

A pseudo sensação de segurança, nos mantém num contexto, sem questionamentos, e muitas vezes, acreditando que não há como sobreviver fora desses limites e regras, onde somos arrebanhados e mantidos por falsas promessas, falso senso de valorização e constante submissão.

No meu caso, alguns fatores externos, contribuíram para minha libertação, não da fé, mas dos que se utilizam dela, para conduzir vidas de acordo com seus objetivos; não de relacionamento ou amor, mas daqueles que dizem amar, mas não peritem que o objeto (essa é a visão) do seu amor, exerça seu livre arbítrio!

Posso assegurar: Há vida fora dos muros. O Tempo passa voando e, portanto, não permita que ninguém roube seus sonhos e sua liberdade. Deus nos fez livres, não nos deixemos escravizar!

Solange Lisboa

@sollisboapoeta

[email protected]

 

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