18 de novembro de 2023

O QUE SOBREVIVERÁ NO CORAÇÃO DE QUEM SOBREVIVER?

SOLANGE LISBOA

No dia 07 de outubro de 2023, acordamos com a triste notícia de que mais uma guerra se iniciava no mundo, aliás, “guerra” não! Pois para haver uma, precisa que se tenha exércitos dos dois lados, do contrário não é guerra, é massacre!

Não vamos falar aqui das atrocidades cometidas contra um povo historicamente oprimido, explorado, vigiado e impedido de se desenvolver conforme sua cultura; nem sobre que sua cidade constitui a maior prisão ao ar livre dirigida por carcereiros israelenses; muito menos sobre a desumana e criminosa ação de cimentar as fontes de água que abasteciam a Faixa de Gaza; nem sobre bombardear escolas, hospitais e abrigos, desrespeitando os corredores humanitários para impedir que alimentos, medicamentos, médicos e todo e qualquer ajuda chegasse até os encurralados palestinos.

O que vamos abordar aqui são as perguntas que não podem calar: “o que restará de humanidade no ceio da terra? o que remanescerá após as dores e terrores sofridos ainda na tenra idade, por quem sobreviver ao ódio e as mais cruéis situações enfrentadas como pesadelos, por aqueles ainda tinha as vendas da inocência sobre seus puros olhos?

O que dizer a essas crianças que não tinham a menor ideia de onde estavam nascendo e qual a situação que envolve suas vidas? O que dizer, ou pior, que consolo dar a quem viu seus pais morrerem sob ataques de bombas e misseis?

Que abraço conseguirá abrigar a quem saiu dos escombros, e com olhos aterrorizados, viu tudo destruído a sua volta, e se viu caminhando pelo que restou das ruas sob bombardeio e não sabe para onde ir?

Como terão sonhos se nem conseguem dormir? Que música os acalantará se a única que ouvem apavora e destrói? Quando tocam a sirenes, todos correm, para se esconder em abrigos já destruídos por artilharia pesada.

Não há colo de mãe ou proteção do pai, que já tombaram ali mesmo, sem um abraço, sem um conselho, sem uma direção.

Que “humanidade” é essa onde os poderosos decidem quem morre e quem vive? Quem tem direito à dignidade e quem terá água, comida e remédios racionados?

Vamos baixar os olhos envergonhados diante de mil perguntas sem respostas?

Mas vergonha, é um sentimento inerente ao ser humano, e nem todos os que tem aparência humana, o são!

O silêncio é a resposta de quem não sabe o que dizer e explicar sobre o que não tem justificativa e nunca terá explicação. O silêncio das vidas perdidas, dos choros contidos, do clamor nos olhos, o silêncio da desesperança e da solidão dos que sobreviverem.

Quanto de cada ser, vai sobreviver?

O silêncio será a mortalha dos que, tendo poder para salvar, escolheram condenar!