18 de fevereiro de 2024

NAUFRAGOS NO MAR DA AI- INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

NAUFRAGOS NO MAR DA AI- INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

É uma ferramenta que não é inerentemente boa ou ruim, é o que se decide fazer com ela. Como qualquer outra — como uma faca, o fogo —, ela pode ser usada de diferentes maneiras, e precisamos garantir que seja usada por razões positivas”, diz Daniela Rus, professora de engenharia elétrica e ciência da computação no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, além de diretora do Laboratório de Ciência da Computação e Inteligência Artificial (CSAIL)

O que a inteligência artificial gera de fascínio, gera também de medo.”

(Daniela Rus)

 

O ser humano, é extremista e adaptável, acostumando-se quase que de imediato, a ambientes, climas, situações diversas e até às guerras. E ultimamente tem aos poucos sido fascinado pela novidade do momento (AI – Inteligência Artificial).

É inegável que os recursos serão ilimitados e que já desfrutamos dela, mesmo sem perceber, especialmente nas transações financeiras e na comunicação instantânea que encurta distâncias, e faz o mundo girar mais rápido em todos os sentidos.

É inegável que a Inteligência Artificial-AI, no desenvolvimento de pesquisas científicas, e a agilidade na criação de recursos médicos e vacinas são de total relevância, mas como diz Daniella Rus, no grife acima, deve ser utilizada de maneira positiva para o que é, de fato, necessário.

Desabafo:

A minha preocupação e a minha tristeza, é assistir, o ser humano, substituindo a sua criatividade e deixando-se dominar por recursos, que são benéficos, sem dúvida nenhuma, se bem utilizados.

Vou aqui citar uns poucos exemplos, para justificar o meu comentário:

– Onde estão os especialistas em fazer fotos maravilhosas, apenas com suas câmeras e talento?

– Onde estão os belíssimos lugares da terra, as paisagens deslumbrantes, as cachoeiras e rios, a riquíssima fauna do planeta?

– Onde estão as pessoas? Os seres humanos?

– Onde ficarão os inspirados poetas se tem pessoas criando textos mirabolantes, utilizando programas da Inteligência artificial?

 

Quando abrimos, as redes sociais, já a algum tempo, 80% das imagens postadas, são puramente artificiais, criadas com uma perfeição impressionante, mas que não contém o fôlego da vida, são postagens frias, secas e vazias. Parecem desenhos patéticos

Gente! Nós somos habitantes do Planeta Terra, o mais belo do sistema solar. Temos tantos rios, mares e oceanos (A água representa cerca de 71% da superfície terrestre, e assim cobre grande parte do nosso globo. Por isso o nosso planeta é azul), e nossas florestas, nossa fauna, tudo de mais belo, nós temos.

E vocês, amantes da natureza, não troquem seu dom especial, pelas imagens da fantástica tecnologia. Deixem isso para o que for realmente necessário.

Não vamos nos robotizar, somos seres humanos, lindos. Os olhos humanos e de todos os animais são a coisa mais bela. O sol, a lua e as estrelas são de deslumbrante beleza. Vamos nos manter humanos, por favor. Vamos dominar os recursos tecnológicos e não nos deixar dominar por eles.

Na verdade, já fomos dominados pelos aparelhinhos que carregamos nas mãos, que são tão poderosos que tem afastado famílias, que embora morando na mesma casa, só se falam por mensagens.

Casais sentados em restaurantes e nem se olham, estão ocupados demais nas redes sociais. Ninguém conversa, como se os assuntos estivessem esgotados em presença da tecnologia.

Escrevi um poema, sobre esse assunto e apresento abaixo, apenas um trecho:

 

NAUFRAGOS NO MAR DA AI- INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Cautela com o feiticeiro Canto da Sereia,

Que Homero apresenta na Odisseia

Mitologia.

Abster-se dos avanços atuais,

Seria incorrer em erros fatais

Tapar os ouvidos com cera,

Alienação e ignorância,

Ao fundo do poco descera.

No entanto:

Conselho do herói que sobrevivera:

Se queres todo conhecimento obter,

Descobrires tudo, e ainda sobreviver:

Então, amarra-te ao mastro da embarcação,

Firme seus pés sobre a razão,

E não se deixe levar pela encantadora ilusão.

E pela euforia.

Sendo dominados pelo espúrio canto

Num tétrico ritual,

De fragor e espanto letal,

Nesse mar engenhoso

Da pretensa “inteligência” artificial.

(apenas um trecho do poema)

 

Solange Lisboa 16/02/2024

Escritora/Poeta

@solnlisboa

[email protected]

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