O laudo do Instituto Médico Legal apontou que Cristiane Pedroso dos Santos Arena, de 34 anos e que foi achada morta e enterrada no quintal de casa com a filha, em Pompeia (SP), foi assassinada com dois golpes de arma branca nas costas, o que teria atingido os pulmões. A informação foi divulgada pela Polícia Civil na noite desta quinta-feira (18).
Ainda de acordo com a polícia, o laudo também apontou que a criança, Karoline Vitória dos Santos Guimarães, de 9 anos, foi atingida com uma pancada na cabeça, o que resultou em traumatismo craniano.
Cristiane e Karoline estavam desaparecidas desde o fim do ano passado. Os corpos delas foram encontrados enterrados no quintal da casa onde moravam, no dia 2 de fevereiro, sob um contrapiso de concreto.
No dia em que os corpos foram localizados, a filha de 16 anos da vítima foi apreendida. Já o marido, o psicólogo Fabrício Buim Arena Belinato, de 36 anos, foi capturado em 8 de fevereiro, em Campo Grande, enquanto trabalhava em uma obra. Ele foi transferido para Marília no dia seguinte.
Em depoimento à polícia, Fabrício detalhou que matou a esposa primeiro em uma briga, em suposta legítima defesa, com um golpe de faca. Em seguida, ele admitiu que matou a menina asfixiada com a mão quase um mês depois porque ela estaria questionando sobre a presença da mãe.
Segundo o delegado Cláudio Anunciato Filho, a faca que o suspeito informou ter usado no crime para se defender não foi encontrada, sendo apenas localizada uma machadinha. Com isso, como as informações do laudo discordam do depoimento, o suspeito voltará a ser interrogado na próxima semana.
Já o interrogatório da adolescente, apreendida em unidade da Fundação Casa, será com o juiz.
Estupro de vulnerável
A principal linha de investigação da Polícia Civil é que a adolescente apreendida mantinha um envolvimento amoroso com o padrasto. Por isso, além do duplo homicídio e ocultação de cadáver, Fabrício é investigado por estupro de vulnerável pois teria abusado sexualmente da enteada mais velha há vários anos.
A adolescente negou participação no crime, mas a polícia acredita que ela deu cobertura ao padrasto e ajudou a enterrar os corpos. Segundo o delegado, ela indicou à polícia o local exato onde estava enterrado o corpo da irmã.
“Ele [Fabrício] confirmou que mantinha um relacionamento com ela [a adolescente] a partir do momento que ela fez 15 anos, em 2019. A partir daí, eles começaram a conviver praticamente como marido e mulher e o relacionamento dele com a esposa Cristiane foi enfraquecendo”, conta o delegado.
De acordo com o advogado e sociólogo Otávio Barduzzi, a Justiça considera estupro de vulnerável, independente de consentimento, quando um adulto se relaciona com um adolescente menor de 14 anos.
Já dos 15 aos 16 anos, o advogado afirmou que cabe ao réu provar que a relação foi consentida e pode ser necessário que o jovem passe por exames psicológicos para que seja avaliada a capacidade de discernimento dela.
Investigação
O inquérito do caso ainda não foi concluído e as autoridades policiais apuram controvérsias encontradas nos depoimentos de Fabrício em relação ao duplo homicídio.
O delegado explicou ainda que novas testemunhas do caso estão sendo ouvidas e que o inquérito do duplo homicídio deve ser concluído nas próximas semanas.
Depois de ser capturado e levado à delegacia de Marília, Fabrício disse à imprensa que se arrependeu do crime. Ele teve a prisão preventiva decretada e foi levado para penitenciária de Álvaro de Carvalho.
As vítimas foram sepultadas na tarde de 3 de fevereiro no Cemitério de Pompeia, sob forte comoção.
Fonte: Redação Guia Online Parapuã