Uma menina de 11 anos foi internada na Santa Casa de Araçatuba (SP) no início da noite de terça-feira (10), com sangramento, e disse ter sido vítima de estupro. O acusado do crime é o padrasto dela, um homem com 36 anos, que foi preso em flagrante. O hospital informou na tarde desta quarta-feira (11) que a paciente segue internada e que o quadro clínico é considerado estável.
A prisão aconteceu após policiais militares serem informados de que uma enfermeira da Santa Casa havia noticiado a entrada de uma menina de 11 anos com sinais de estupro. A equipe fez contato com a mãe da criança, uma mulher com 32 anos, que confirmou que a filha dela havia dito que havia sido estuprada pelo padrasto, que também estava no hospital e foi imediatamente detido.
Os policiais conversaram com a médica, que relatou não ter encontrado nenhuma lesão aparente na menina. Entretanto, havia sido informada pelo médico do pronto-socorro municipal que a paciente deu entrada com sangramento nas partes íntimas.
Segundo o que foi relatado, durante a conversa, a vítima relatou para a mãe dela, para a médica e para a policial militar que atendia a ocorrência, que desde os 8 anos de idade ela é estuprada pelo padrasto.
No caso que resultou no flagrante, a menina disse que a mãe dela teria saído para ir à casa da avó, que é vizinha, e o padrasto aproveitou para abusar sexualmente dela. Durante o ato ele teria tapado a boca da criança para que não gritasse, o que também teria feito em outros estupros.
Assim que a Polícia Civil foi informada do crime o delegado plantonista acompanhado de um investigador foi à Santa Casa e questionou o acusado. Segundo a polícia, ele apresentou várias contradições e versões bem divergentes das apresentadas pela criança e pela mãe dela.
Provas
Ainda durante a conversa com a vítima no hospital, a polícia foi informada por ela que durante o estupro, o padrasto dela colocou um pano branco sobre o colchão da cama. O Instituto de Criminalística foi acionado e foi à residência da família para realizar a perícia.
Durante os trabalhos foi recolhido um edredom que foi encontrado jogado na cama do quarto do investigado, no qual havia sêmen humano. Amostra do material foi recolhida para verificar se há DNA da vítima e do padrasto dela.
Em conversa com o delegado, a mãe da vítima reforçou que ficou fora de casa por cerca de 30 minutos, período em que esteve na casa da mãe dela, ao lado da residência dela, onde lavou as roupas do companheiro.
Diabo
Segundo a mulher, chegando na entrada da casa dela ela ouviu a filha gritando e foi direto para o quarto. No cômodo, a menina estava com olho fechado, gritando:“pára, pára, sai daqui, chega, chega”.
A mãe da vítima disse que passou a orar, enquanto o companheiro dela não se levantou para ver o que estava acontecendo. De acordo com ela, o investigado alegou que não havia ouvido a enteada gritar. Ela então o chamou para que visse o que estava acontecendo e a ajudasse a orar.
Ainda de acordo com a polícia, ao ver o padrasto, a filha dela disse a ele: “diabo, diabo, o diabo está aqui”. Nesse momento o padrasto teria pedido para a mãe sair do quarto, o que foi recusado. A mulher contou que deu um banho na filha, que chorava a todo tempo, e quando o companheiro dela apareceu na porta do banheiro, a vítima disse novamente que o diabo estava ali.
Ela pediu ao acusado que chamasse a avó da menina e o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas ele não atendeu ao pedido. Quando chegaram no pronto-socorro, o acusado queria que a mãe da menina descesse primeiro e fosse chamar as enfermeiras, mas ela desceu com a filha.
E quando já estavam no hospital, o investigado disse que iria esperar no carro, mas voltou para a casa da família, alegando que iria pegar um documento.
Sangramento
Sobre o sangramento apresentado pela vítima durante atendimento no pronto-socorro, o fato foi confirmado pelos responsáveis pelo atendimento, que informaram que o lençol ficou manchado. A mãe disse que a filha não estava menstruada, pois havia menstruado na virada do ano.
Segundo o que foi apurado pela reportagem, o laudo de exame de corpo de delito deu negativo para sinais de lesão. A médica que atendeu a paciente relatou à polícia que se os abusos ocorrem desde que a vítima tem 8 anos de idade, possivelmente o ato que resultou no flagrante não deixaria marcas.
O acusado teve o celular apreendido e a polícia também apreendeu a roupa dele para a coleta de material genético e ele. O IML (Instituto Médico Legal) colheu material da vítima para exame genético.
Preso
O delegado que esteve no hospital deixou de formalizar o depoimento da criança. Segundo o que foi apurado, a vítima estava muito assustada e o próprio delegado a viu dizendo à mãe dela que o padrasto iria matá-la.
O investigado negou todas as acusações, porém, o delegado decidiu pela prisão em flagrante, levando em consideração que há indícios de que ele não dizia a verdade e tentava mudar a versão toda vez que era questionado. Após ser ouvido, ele permaneceu à disposição da Justiça.
Vítima faz tratamento no Caps-I e mãe suspeitava de abusos
A mãe da menina que está internada na Santa Casa de Araçatuba por suspeita de estupro, contou à polícia que já suspeitava que a filha estivesse sofrendo abuso sexual, diante do comportamento que a menina vinha apresentando. Isso também teria chamado a atenção das professoras.
A vítima passa por atendimento no Caps-I (Centro de Atendimento Psicossocial Infantil) e faz uso de medicamentos controlados, pois há dois anos passou a se cortar.
Em conversa com a polícia, ela contou que era abusada desde quando tinha de 7 para 8 anos e os abusos seriam praticados quando a mãe dela saía para ir à igreja, sempre no período da noite. Porém, o padrasto ameaçava de matá-la e também matar a mãe dela caso contasse para alguém.
Além disso, revelou que durante os abusos o acusado dizia que: “você é minha e eu sou seu”. Ao ser ouvida, a mãe da menina comentou que ele dizia essa frase a ela quando estavam na intimidade.
Crise de choro
A mulher contou ainda que já foi agredida pelo companheiro, chegou a romper o relacionamento e ele saiu de casa. Porém, o casal reatou e quando o investigado voltou para casa, a criança teria tido uma crise de choro.
Ainda de acordo com a mãe, enquanto ela estava na Santa Casa ouvindo o relato da filha sobre o abuso investigado, a menina revelou que na ocasião chorou muito devido ao padrasto ter voltado para o lar, pois acreditava que por ele ter ido embora de casa, “esse pesadelo” iria acabar.
Fonte: Impacto Noticias