MEDO

A mãe ficou sabendo que tinha câncer e precisava ser operada. A filha era uma pessoa forte. Apesar disso, a mãe, à noite, tinha ataques de pânico porque tinha medo de deixar sua filha sozinha. Seus ataques de pânico mostram que você ama sua filha e gostaria de ser ainda por muito tempo uma boa mãe para ela. No entanto, você precisa falar com o seu medo e oferecer o medo que você está sentindo à Deus. Não tenha remorso pelo fato de ter medo. O medo pode existir. Ele tem um sentido. Ele pretende convidar você a refletir sobre suas preocupações. Você não pode assumir para sempre o cuidado com sua filha.

Confie que Deus mantém sua boa mão estendida sobre sua filha e reze também na certeza de que Deus está agindo para curar o seu câncer por meio de todos os auxílios que os médicos oferecem de modo que você possa ainda por muito tempo ser uma boa mãe. Mas considere também, que nós não somos senhores da duração da nossa vida e que o nosso corpo e a nossa natureza são frágeis e nós morremos um dia. Nós estamos todos entregues às forças da nossa própria natureza e a força de Deus que busca também sustentá-la em todas as situações. Nós devemos cuidar de nossos filhos e ao mesmo tempo deixar de lado o cuidado e confiar que Deus dê aos nossos filhos, suficiente força para que eles possam encontrar o seu caminho.

Não lute contra o seu medo; assim, ele só vai aumentar, ele vai se fortalecer. Confraternize-se com o seu medo. O medo pretende lembrar-lhe sempre que deve confiar a proteção de Deus, toda a sua família e o seu próprio ser, a sua doença. E o medo convida a conviver conscientemente cada momento que Deus lhe concede. Deixe que o medo a estimule a se dedicar afetuosamente à sua filha e perceber de um modo novo o mistério que sua filha representa, dizer-lhe palavras de amor e de atenção que já não mais dizia há muito tempo. Então, você não precisa livrar-se do seu medo. Ele é transformado em um convite a viver intensa e atentamente a sua vida.

Padre Ezequiel Dal Pozzo