Em uma recente publicação nas redes sociais, a desempregada Tais Cristina da Silva Golim, moradora em Adamantina, relatou estar vivendo uma angústia para tentar conseguir pela rede pública o atendimento multiprofissional para o filho de dois anos e sete meses de idade, diagnosticado com autismo.
A busca da moradora é para garantir atendimento de fonoaudiologia, terapeuta ocupacional e psicologia para o menino, ainda sem sucesso. A demora, segundo a mãe, pode ampliar as dificuldades e limitações já vivenciadas pela criança.
Tais conta que seu filho já passou por atendimento especializado, inclusive com encaminhamento pelo município a Marília, onde uma médica aplicou os testes e confirmou o diagnóstico de autismo infantil. Desde então, segundo a mãe, ela busca por terapias para tentar reduzir as limitações da criança. Procurado pelo SIGA MAIS na manhã desta quinta-feira (3), o secretário municipal de saúde, Gustavo Taniguchi Rufino, garantiu que a criança será atendida (mais informações abaixo). A Prefeitura de Adamantina também se manifestou, em nota.
Trajetória
Sem emprego e sem condições de arcar com acompanhamento profissional particular para o filho, Taís contou ao SIGA MAIS sobre a trajetória vivenciada, desde a descoberta distúrbio, em busca de atendimento multiprofissional junto à rede pública. “Meu filho tem dois anos e sete meses. Sempre vi que ele era diferente, desde que tinha um ano, porque não falava “mamá” ou “papá” como as outras crianças. Quando chamava ele não atendia, e chorava muito”, diz.
Tais conta que em meados de junho do ano passado levou seu filho para passar por atendimento no CIS (Centro Integrado de Saúde), com uma pediatra. Ela, por sua vez, encaminhou a criança para atendimento por neuropediatra, e para a APAE. Na APAE o menino passou por triagem e foi atendido pelo médico da instituição, que afirmou não haver dúvidas quanto ao diagnóstico de autismo, em razão das estereotipias motoras (balançava os braços). “Ele falou que eu deveria correr contra o tempo, pois fazendo o tratamento ele conseguiria ter uma vida normal”, lembra. “Lá na APAE passei por fono, psicóloga e terapeuta, e só faltava o neuropediatra avaliar”, continua.
Após essa etapa, Taís conta que buscou ajuda na assistência social de Adamantina, quando em novembro seu filho foi encaminhado para Marília, onde a médica fez a investigação e aplicou testes, concluindo diagnóstico para autismo infantil, em grau 2, moderado. Depois disso, segundo a mãe, a médica fez encaminhamento indicando tratamento e acompanhamento profissional à criança.
Na sequência, Tais procurou pelo serviço público de Adamantina, em busca de atendimento de fonoaudiologia, terapeuta ocupacional e psicologia para o menino, onde apresentou documentação que comprova sua impossibilidade de arcar com os custos desses profissionais na rede privada. A orientação recebida é para que aguardasse.
Nesse interim, Taís soube que a Prefeitura de Adamantina paga o tratamento de algumas crianças, em condições semelhantes. Com essa informação ela disse ter ido ao Ministério Público, onde foi orientada a fazer o pedido junto à Secretaria Municipal de Saúde antes de ingressar com qualquer medida na Promotoria. “Estive na Secretaria de Saúde e novamente tive a resposta de que teria que aguardar, devido à alta demanda”. Taís disse que também fez contato, por aplicativo de mensagem, com o secretário de saúde.
Agora, Taís espera por uma resposta que possa garantir o atendimento multiprofissional ao seu filho, e teme que a demora possa impactar negativamente no seu desenvolvimento. “Acredito sim que o atraso no tratamento pode prejudicar. É uma corrida contra o tempo”, diz. “Meu filho não fala, tem estereotipias, não tem noção de perigo e tem crises. E a neuro de Marília falou que ele tem o grau 2, moderado. Porque ele depende de mim pra tudo. Ele não sabe pedir, almoça janta com comida dada a ele na boca, nem lavar as mãos ele faz sozinho. Ela disse que com as terapias ele iria melhorar muito e ser independente”, explica. “Ainda não tive resposta, infelizmente não tenho mais a quem recorrer”, desabafa.
Ao final, Taís destaca que o tema precisa ter mais espaço e ações nas políticas públicas locais, para atendimento a demandas semelhantes vivenciadas por outras crianças. “Olha é bem complicado toda esta situação. A mãe já não espera um diagnóstico de autismo, muitas vezes cai como uma bomba, pois quem não quer ver seu filho te chamando de mamãe, brincando com outras crianças. Aí vem este diagnóstico e a gente não tem a quem recorrer, um joga pro outro e fica este jogo de espera. Adamantina precisa de um centro de apoio, o número de autista vem aumentando”, desabafa.
Saúde se manifesta e garante atendimento ao menino
Procurado pelo SIGA MAIS na manhã desta quinta-feira (3), o secretário municipal de saúde, Gustavo Taniguchi Rufino, confirmou que a mãe buscou atendimento para seu filho, na Secretaria Municipal de Saúde, e que o menino terá atendimento.
Segundo o gestor, a solicitação teria sido formalizada ontem e foi encaminhada para atendimento. Ele explicou que de fato tem ocorrido uma grande procura por esses serviços e que não há profissionais com disponibilidade imediata.
Gustavo informou que tem sido buscada agenda entre aqueles profissionais que prestam serviços à Secretaria Municipal de Saúde, para agendamento e contratação. “Assim que aparecer agenda o serviço vai ser contratado e vai ser disponibilizado para ele. Essas orientações foram passadas para ela, que daria tudo certo sim”, disse. “Demos a certeza que o filho dela vai ser agendado. Só não dá para fazer de um dia para o outro”, explicou.
Nota oficial
“A Prefeitura de Adamantina, por meio da Secretaria de Saúde, informa que a munícipe procurou a pasta pela primeira vez na data de ontem (02). A mesma foi acolhida e orientada que o seu filho seria atendido. Na oportunidade, ela foi orientada a aguardar o contato da Secretaria de Saúde informando a data e o horário dos atendimentos de acordo com a disponibilidade dos profissionais. A pasta reforça que todos os casos de autismo têm sido atendidos no município e que é fundamental que os pais procurem auxílio da secretaria de saúde para que seja realizado o devido atendimento”.
Fonte: Siga Mais