6 de abril de 2023

Inovações com frutos nativos e diversidade de saberes marcam a 1ª Feira de Jatobá e Produtos Regionais Latitude 21

Inovações com frutos nativos e diversidade de saberes marcam a 1ª Feira de Jatobá e Produtos Regionais Latitude 21
Sob coordenação da Prof.ª Dr.ª Izabel Castanha Gil, o Projeto Jatobá está em desenvolvimento há cerca de três anos

Você conhece o jatobá, fruto do jatobazeiro? Para muitas pessoas, o fruto grande, de casca marrom e resistente, traz memórias da infância, principalmente para quem teve a oportunidade de coletar os bagos e apreciar a polpa, que gruda no céu da boca. O cheiro forte é outra característica marcante.

Muito apreciado por povos indígenas e comunidades tradicionais, o jatobá possui inúmeras propriedades medicinais e nutricionais. A polpa é rica em cálcio, magnésio e fibras, da casca, folhas e seiva se preparam remédios utilizados na medicina popular, a resina constitui insumo industrial, a madeira tem amplo valor comercial.  Por aqui, pouco conhecemos sobre essa espécie arbórea tão importante e a farinha de sua polpa ainda não consta como ingrediente na nossa culinária trivial.

Sob coordenação da Prof.ª Dr.ª Izabel Castanha Gil, o Projeto Jatobá está em desenvolvimento há cerca de três anos. Há uma ampla rede de cooperação entre instituições de várias naturezas, criando condições para a construção da cadeia produtiva do jatobá. O projeto construiu-se sob várias dimensões: empreendedorismo socioambiental, científica, pedagógica e de inovação.

As ações estão estruturadas nas perspectivas low tech e high tech. Na primeira (baixo impacto ou baixo emprego de tecnologias industriais) mantém-se os aspectos tradicionais de exploração e uso dessa espécie nativa: coleta, despolpa, torra da farinha e preparos culinários simples, como licores, geleias, bolos e outros, utilizando processos manuais. Na segunda utilizam-se conhecimentos científicos para o desenvolvimento de vinagres, receitas para públicos com restrições alimentares, fármacos, indústria química e outros. Para o mapeamento das árvores remanescentes, um estudante de tecnologia desenvolveu aplicativo para Android, o L21, que você pode baixar no seu celular e fotografar espécies nativas de plantas e de animais. O jatobá estimula também o reflorestamento, que já está acontecendo em parceria com a Secretaria Municipal de Flórida Paulista, que produz e leva para o campo milhares de mudas dessa e de outras espécies.

Na dimensão escolar, sob orientação da professora Izabel, estudantes de História estão envolvidos em estudos regionais e estudantes do ensino médio desenvolvem pesquisas na temática do jatobá por meio de bolsas PIBIC CNPq/FAI/ETEC. Estudantes de vários cursos e instituições, sob orientação de professores de várias disciplinas, também estão envolvidos. Outros estudos, ainda em fase inicial, começam a acontecer, ampliando as possibilidades que o jatobá pode proporcionar. No Centro Universitário de Adamantina, esses estudos regionais estão catalogados com o título de Projeto Nossa Gente, do qual participam graduandos, ex-alunos e membros da comunidade e já contam com vários trabalhos realizados.

As inovações com jatobá juntaram-se a um movimento de mobilização de microempreendedores das cidades da Nova Alta Paulista, que aconteciam desde 2018, com suspensão das atividades durante a pandemia de covid-19. Em 2023, essa dimensão empreendedorística se organiza para a comercialização de produtos regionais por meio de uma plataforma virtual conhecida como e-commerce. Bordados, pinturas, laços, objetos para decoração, sabonetes artesanais, cerâmicas, miçangas, doces, geleias, cachaças, licores, bioextratos, cafés, queijos e muito mais. Há uma diversidade de talentos e produtos espalhados por aí. Para essa parte comercial, a professora criou a microempresa Latitude 21 Frutos Nativos e Produtos Regionais, criando oportunidade de trabalho e renda para muitos talentos locais e regionais.

Os produtos à base de jatobá são: farinha, sementes, cascas, vinagre, licor, amanteigados, cachaça e biojoia. O tema inspirou a criação de outros produtos com simbologias bem interessantes, porém ainda estão em desenvolvimento.

A vitrine para tudo isso será a 1ª Feira de Jatobá e Produtos Regionais, que acontecerá nos dias 28 (a partir das 19 horas) e 29 (entre 8 e 12 horas), ambos no mês de abril, na Praça Élio Micheloni. O nome Latitude 21 refere-se à condição geográfica das cidades da Nova Alta Paulista, que se localizam no paralelo 21, sendo essa, portanto, uma característica comum a todas elas.

A professora Izabel, idealizadora do projeto, expressa a sua percepção e o seu encantamento: “nesse outono de 2023, durante 1ª Feira de Jatobá e Produtos Regionais Latitude 21, lançaremos as inovações com o jatobá e com elas e os microempreendedores, fomentamos as conexões intrarregionais. Trata-se de uma ação tecida por muitas mãos, mentes e corações, com grande potencial para a construção de novos paradigmas que trazem a temática ambiental para o centro do debate acerca do desenvolvimento socioeconômico. Entre os imprescindíveis fios dessa tessitura está o Centro Universitário de Adamantina, cumprindo o seu papel no desenvolvimento regional. Conhecimento, cooperação e realização marcam a sua trajetória que, mais uma vez, se aplicam nessa iniciativa ousada e promissora”.

 

Por Prof.ª Dr.ª Izabel Castanha Gil

Revisão de Jéssica Nakadaira

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