Por que tanta pressa? Essa pergunta surge para nós uma vez que estamos num mundo que corre. Vivemos atirados de um lado para o outro em meio ao turbilhão de correrias que caracteriza a sociedade do nosso tempo. Ao falarmos de pressa, nós lembramos a célebre frase: tempo é dinheiro! E parece que essa frase faz com que a humanidade viva uma patologia ou uma doença; e essa doença tem nome, é a pressa. Quem nunca se viu apressado nesse mundo? Já de manhã cedo nós acordamos com os despertadores, com as suas melodias que nos acordam abruptamente e nos fazem iniciar o ritmo do dia, tomamos nosso café da manhã às pressas, pegamos o transporte – ônibus, metrô, carro – e um engarrafamento acaba nos atrasando. Isso nos tira o equilíbrio, nos tira a serenidade e a paz, afinal estamos com pressa. Almoçamos de olho nos ponteiros do relógio, engolimos a comida de supetão, nem sempre mastigamos direito, tudo porque o dever chama nossa atenção.
Andamos num ritmo frenético pelas calçadas, sempre olhando para os ponteiros do relógio, estamos com pressa, não podemos atrasar. O fruto disso é uma alma fragmentada, aquela sensação ruim, de insuficiência, de que somos incompletos, e acabamos por mergulhar em um poço sem fundo de frustação e apatia. Temos a impressão que mesmo com todo o nosso corre-corre, nunca há tempo suficiente para fazermos tudo o que temos que fazer no dia. A pressa também nos conduz à superficialidade nos relacionamentos interpessoais. Encontramos muita gente, mas com poucas pessoas criamos vínculos, já que temos pouco tempo, em decorrência das nossas agendas lotadas. Acabamos tendo poucas amizades reais, muitas sim, virtuais. Nos relacionamos com nossos monitores de computador ao invés de um parente, um amigo. Acabamos preferindo as redes sociais, os papos virtuais.
Outro malefício dessa pressa é que nós vivemos distraídos, vivemos num planeta belo de riquezas, de detalhes abundantes, mas não apreciamos todas essas belezas. A natureza é uma verdadeira poesia dada pelo coração amoroso de Deus. Estamos cercados de glória e bondade e, no entanto, andamos apressados, tão apressados que simplesmente não paramos mais para contemplar as belezas de toda criação, os pequenos milagres do cotidiano. O que Deus deseja é que nós vivamos bem e para isso precisamos ter tempo para nós, para os outros e para Ele. Será que precisamos vivem com toda essa pressa?
Padre Ezequiel Dal Pozzo é sacerdote da Diocese de Caxias do Sul (RS). Cantor, escritor e compositor, lidera o “Projeto Despertai para o Amor”, de evangelização através da música e dos meios de comunicação. Já lançou 6 CDS e 1 DVD e viaja pelo Brasil com shows musicais, palestras, missas e pregações.