16 de janeiro de 2024

Espontaneidade de Criança

Espontaneidade de Criança
Solange Lisboa

Tem coisas que vivemos na infância e, eu tenho a impressão, de que revivemos por toda a vida,

Sempre gostei, como a maioria das pessoas, das festas de Natal e final de ano; os enfeites coloridos e os pisca-piscas, são meus encantos – tenho dificuldade para retirá-los no dia 5 de janeiro (tradição da minha família).

Parece que a casa perde a alegria e o mundo, a cor, quando precisamos retirá-los até o próximo final de ano.

Se tiver a oportunidade, pergunto a cada criança se já escreveu sua cartinha – Se for ao correio nessa época, sempre quero abrir as mensagens penduradas na árvore de Natal. Muitas crianças pobres escrevem cartinhas e o correio faz esse lindo trabalho de anunciar aos que podem realizar sonhos.

Bem, essa época mágica sempre me faz voltar no tempo e mesmo quando já, longe da infância, cheguei a entrar numa fila do shopping para falar com papai Noel. Claro, eu estava com as minhas filhas, mas era só uma desculpa!

Uma noite, quando saia do escritório, trabalhava no Instituto Euvaldo Lodi, na Rua Quintino Bocaiuva, estava no ponto de ônibus que ficava ali em frente ao tribunal de contas do estado do Pará; havia muitas pessoas esperando transporte e ainda não existiam os carros de aplicativos.

Olho para o lado e lá vem um papai Noel, caminhando e passaria exatamente perto de onde eu estava, fiquei tão alegre, me virei e quando ele passava, disse eu, animadamente:

“ Boa Noite Papai Noel”,

aquele homem respondeu alegremente e, em tom festivo, como se vestisse automaticamente o seu personagem:

— Boa Noite, Hou, Hou, Hou,

Enfiou a mão no bolso e me deu vários, bom bons, e eu cheia de alegria recebi e – confesso:

Pagaria qualquer valor para ver a minha cara, quando me virei de volta e todos da parada de ônibus, olhavam para mim, porque o tom de voz do papai Noel, chamou a atenção das pessoas, e eu me senti no meio do palco, com todos os holofotes em cima, sem ter como me esconder.

Então não tive outra solução, senão, estender a mão para um táxi que ia passando na hora, entrei sem olhar para trás e desatei a rir antes de dizer qualquer coisa ao motorista, arriscando ser colocada para fora, como louca, e pagar o segundo mico da noite.

Felizmente, o motorista era bem-humorado e esperou eu acabar de rir e lhe informar o endereço para onde eu iria.

Quis contar a ele o motivo da minha risada, mas me contive.

Fui para casa, com a felicidade estampada no rosto e guardada na bolsa (os doces, que papai Noel me dera) e que, com certeza, mostraria às minhas filhas e a elas, sim, contaria como por alguns momentos, de total espontaneidade, esqueci que era adulta e cumprimentei um homem estranho, vestido de papai Noel e ainda ganhei balinhas dele!

Nunca me senti tão ridícula e tão feliz em toda minha vida!

 

Solange Lisboa 15/01/2024

Escritora/Poeta

@solnlisboa

[email protected]

 

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