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Dr. Wong critica pressa para vacina contra Covid-19: ‘Não posso aplicar antes de resultados robustos’

Médico falou sobre a importância de estudos pré-clínicos longos antes da imunização coletiva da população contra a Covid-19; para ele, o uso correto de máscaras é essencial para evitar a contaminação.

 

O pediatra e diretor médico e chefe do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas de São Paulo, Dr. Anthony Wong, foi o entrevistado do programa Direto Ao Ponto, da Jovem Pan. Na conversa, o médico, que se contaminou com a Covid-19 de forma assintomática e não precisou tomar remédios ainda no início da pandemia, falou sobre os principais erros e acertos da medicina com a doença, os riscos da pressa para se fazer uma vacina, a importância da administração de remédios em pacientes com sintomas iniciais e sobre o que esperar do cenário da saúde do Brasil no futuro. Ele foi sabatinado por Augusto Nunes, apresentador do programa, pelas jornalistas especialistas em saúde Marina Machado e Vanessa Sulina, pela apresentadora do “Tá Explicado”, Livia Zanolini, e por Paula Leal, jornalista editora do site da Revista Oeste.

 

Ao falar sobre os erros e acertos médicos durante a pandemia, o pediatra considerou o lockdown total como uma “medida medieval” para o combate à doença. “A minha posição, também a de muitos colegas, era contrária ao pensamento naquela época, instigado principalmente por vários erros da OMS”, disse. Apesar disso, ele reconheceu que subestimou a doença no começo da pandemia. “Fiz uma estimativa muito grosseira e achei que seria uma doença sazonal, gripal, semelhante à Influenza de todos os anos. A surpresa é que não. Extrapolou todas as minhas estimativas, como também a de muitos outros especialistas”, reconheceu Wong. Por várias vezes, o médico ressaltou os perigos dos imunizantes estudados por cerca de 180 laboratórios diferentes serem feitos às pressas e lembrou que apenas a fase pré-clínica de algumas vacinas consideradas como seguras hoje no mundo duram entre cinco e 10 anos.

 

“Eu até fiz uma declaração polêmica de que nenhuma vacina fez o estudo pré-clínico. Reitero isso. Saiu nos jornais que era falso. Eu vou rebater agora em público. Por que não? Porque se você fizer uma coisa, você tem que fazer bem feita. Eu tenho que ter uma quantidade, um número suficiente de animais testados [na fase pré-clínica], eu tenho que observá-los não uma semana, um mês, eu tenho que observá-los por vários meses”, disse. O médico explicou que os laboratórios precisam, primeiro, saber se a vacina estudada faz mal, depois, se nos meses subsequentes alguma consequência vai ser notada nos pacientes. “Eu tenho que saber se vai ser oncológico, se vai causar um câncer, depois eu tenho que saber se em uma fêmea aquela vacina vai ter efeito sobre os seus fetos, seus embriões. E se vai acelerar ou causar algum problema nos outros órgãos que podem aparecer três, quatro, dez anos depois. Então, esse estudo pré-clínico é importante. Eu não posso aplicar no ser humano antes de ter resultados robustos”, criticou.

 

O médico falou também sobre a polêmica envolvendo a obrigatoriedade da vacina, que tem sido politizada no Brasil. Ele se declarou contra a obrigatoriedade especificamente dos novos imunizantes contra a Covid-19. “Como pediatra, eu tenho que estimular e tornar de certa forma obrigatória a vacina das crianças contra doenças cujas imunizações já têm segurança, eficácia e realmente proteção prolongada. Polio, sarampo e etc. devem ser obrigatórias. O que acontece com a Covid-19 é que, até agora, nenhuma vacina está segura, eficaz ou tem efeito duradouro. As próprias indústrias farmacêuticas não divulgaram os seus resultados. O que divulgaram foi propaganda. Eu não sou contra a vacina, mas tem que mostrar que funciona”. Ele disse que a educação e a informação são essenciais para convencer as pessoas, não a obrigação.

 

Ao falar sobre as novas medidas de confinamento, o médico lembrou que o isolamento extremo também tem consequências graves para a população e citou estudos que mostram que às vezes ela é mais grave para os indivíduos do que o próprio coronavírus. “Enquanto a doença você recupera em uma semana, a maioria das pessoas em 10 dias, alguns raros vão ficar 30, 40 dias no hospital, os efeitos econômicos, sociais, psiquiátricos, psicológicos, depressão e etc. vão demorar anos para melhorar”, afirmou. Para ele, três ordens devem ser seguidas religiosamente para evitar a contaminação: distanciamento, higiene e o uso correto de máscaras.

 

Wong considerou, ainda, o fechamento das escolas como “a coisa mais trágica de toda a epidemia”, afirmando que essa foi uma decisão insensata e sem justificativa científica. “Em maio, 22 países da Europa abriram escolas, Dinamarca, Áustria, Alemanha, Suíça. Três meses depois eles relataram. Esses três meses, de maio a agosto, não houve aumento de transmissividade de doença de criança para criança. Tampouco houve transmissão de doenças para os adultos que cuidavam de crianças. Tanto isso que agora a Alemanha está fechando, mas não fecharam as escolas. A Itália também não fechou as escolas”, disse o médico, citando estudos realizados na China para afirmar que as crianças infectam menos, recuperam-se melhor e produzem muitos anticorpos.

 

Questionado sobre a fala do presidente Jair Bolsonaro sobre importância de buscar uma cura mais do que uma vacina para o remédio, o médico citou “Se você pegar poliomielite tem tratamento? Tem algum remédio para acabar com o sarampo? Não. Você tem que ficar esperando acabar a febre, tomar antitérmico, dormir uma semana.

 

Caxumba é a mesma coisa. Agora, curiosamente, esse Covid-19 tem. Desde o SARS, o Mers, e até o Zika, hidroxicloroquina funcionou. O segredo de qualquer doença, desde que tenha um tratamento anterior, é um tratamento precoce. Tratar na fase inicial antes que ele entre na fase inflamatória, que é o corpo matando a própria pessoa, matando a célula da própria pessoa”, afirmou, garantindo que países que administraram remédios para baixar a carga viral do novo coronavírus nos pacientes ainda no começo da doença apresentaram mortalidade de 50% a 80% menor em relação aos que não fizeram isso.

 

Ao falar dos riscos de hidroxicloroquina e de outros remédios administrados por médicos em tratamentos experimentais, o médico reafirmou que as medicações são usadas há muito tempo para outras doenças e que a automedicação nunca é indicada. “A hidroxicloroquina está no nosso manual há 75 anos. Nunca ninguém falou que dava arritmia, que era cardiotóxico, nada. Até 2019, era um excelente remédio”, criticou.

 

Wong falou, ainda, que ela é obrigatória para aqueles turistas que fazem safaris na África e que, segundo estudos robustos, só apresenta cardiotoxicidade em 4 em cada 10 mil casos de administração, sem casos de morte registradas, a não ser em casos de dosagem acima do normal. “Você pega pessoas morrendo porque não fizeram o tratamento precoce, aí realmente é preocupante”, afirmou.

 

Fonte: Jovem Pan.

Assista ao programa na íntegra:

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