8 de maio de 2021

Covid-19: a Terceira Guerra Mundial

Covid-19: a Terceira Guerra Mundial

Éverton Santos

 

A Primeira Guerra Mundial, de 28 de julho de 1914 a 11 de novembro de 1918, foi causada por fatores complexos, mas teve como estopim as disputas imperialistas, o nacionalismo, alianças militares e a corrida armamentista. Já a Segunda, de 1939 a 1945, pode-se dizer que foi um reflexo do primeiro conflito em estado de guerra total e eclodiu com a invasão da Polônia pelos alemães, resultado do processo de rearmamento da Alemanha Nazista – um claro desrespeito às determinações do Tratado de Versalhes.

Em 2019 uma nova guerra teve início, também de proporções mundiais, desta vez com um inimigo em comum para todas as nações, mas assim como nas duas primeiras grandes guerras nem todos ficaram do mesmo lado das trincheiras. Deu-se início então a uma corrida, não armamentista como outrora, mas por uma cura, por uma vacina.

No início o vírus até então desconhecido não parecia assim tão letal, diziam as informações vindas de fontes nada seguras de um dos países mais fechados, com fortes restrições ao acesso a internet e a imprensa, bem como violações aos direitos humanos.

Ao se espalhar por outras nações pode-se observar que o vírus não era tão simples – aliás, de simples nada tinha – e possuía alta virulência e índice de letalidade exponencial. Como os microrganismos não têm passaporte, ignoram fronteiras, não demorou muito para que quase todo o globo terrestre fosse infectado.

O impacto nas economias foi imediato e afetou frontalmente as cadeias globais de produção, o que fez ressurgir – ou fortalecer as já existentes – ações de protecionismo comercial, o já conhecido nacionalismo de outros tempos.

Já caracterizada como pandemia, a Covid-19 provocava quedas acentuadas nos mercados financeiros e paralização dos sistemas de produção em diversos setores. Os de serviços e o comércio também seriam atingidos, estes de forma mais acentuada em razão da fragilidade das atividades.

Embasados em dados científicos, muitos países decidiram fechar fronteiras, restringir atividades econômicas e a circulação da população. Por outro lado, outras nações demonstraram sérias ambiguidades, perdendo tempo valioso antes de tomar medidas contundentes, sem coordenação na condução das ações de combate ao vírus e tomando-as de maneira apenas reativa. Situação ainda mais crítica em países com sistema de saúde deteriorado ou despreparado para tal situação, um enredo catastrófico.

Enquanto muitas nações garantiam celeridade para a aprovação de pesquisas e processos de compra de vacinas, outras por questões políticas apostaram em “soluções alternativas” ou em tratamentos rechaçados pela comunidade científica internacional, mesmo diante dos alertas e das evidências.

Ao mesmo passo, ações coordenadas tentam garantir compra de vacinas de forma que países em desenvolvimento e os considerados pobres não fiquem à mercê do sistema capitalista e possam, também, ter acesso às primeiras vacinas já aprovadas.

A coalisão de mais de 150 países, criada para impulsionar o desenvolvimento e distribuição de vacinas prevê a aquisição de 1,1 bilhão de doses para serem igualitariamente partilhadas entre países ricos e pobres, deveria ter apoio e ser impulsionada, no entanto sofre dificuldades para a compra dos imunizantes. É, mais uma vez, a ganância e o individualismo falando mais alto, tal nacionalismo, como ocorreu no passado.

A Covid-19 é a Terceira Guerra Mundial. O coronavírus mostrou ao mundo que não existe fronteira, não existe uma única nação, um líder mundial isolado. Todos estamos no mesmo planeta, no mesmo ecossistema, no mesmo barco, temos o mesmo Deus. Entretanto ainda existem barreiras para que esse pensamento se consolide…

No Brasil, desdenharam, não se preveniram, classificaram o vírus de gripezinha, fizeram piadas com os mortos e desempregados, promoveram remédios sem eficácia… foram tão nocivos quanto o vírus.

Em pleno ano de 2021, já com vacinas aprovadas e com efeito comprovado o discurso anticientífico, mesmo sendo contraditório – e ridículo –, ainda persiste. Se aqueles, que não adotaram as medidas necessárias para combater essa situação, arcarão com as consequências de suas escolhas só o tempo dirá.

A única certeza que temos é que mais de 400 mil vidas foram ceifadas…

 

Éverton Santos é publicitário e jornalista (MTb Nº. 34.016/SP) formado pela UniFAI – Centro Universitário de Adamantina.

E-mail: [email protected]

 

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