Fato havia sido registrado como morte suspeita na noite de 11 de abril. Vítima apresentava uma lesão na cabeça
A Polícia Civil concluiu que o homem, de 63 anos, encontrado morto na própria oficina, no bairro Metrópole, em Dracena, foi assassinado por um adolescente de 17 anos, que era funcionário do estabelecimento. A ferramenta que foi utilizada para ferir a vítima foi apreendida.
As apurações sobre o caso continuam por meio da Delegacia de Investigações Gerais (DIG). Após as investigações, a natureza do fato foi alterada de morte suspeita para homicídio.
De acordo com a Polícia Civil, o rapaz confessou o assassinato em depoimento formal nesta terça-feira (16), quando apresentou detalhes sobre o caso.
DÍVIDA COM CARTÃO DO PATRÃO – De acordo com a Polícia Civil, o adolescente contou que havia contraído uma dívida de R$ 14 mil, com pagamento em 12 parcelas, através do uso indevido do cartão bancário do patrão. Ele tinha a confiança do patrão para realizar transações bancárias à empresa e, inclusive, possuía conhecimento da senha do cartão.
O rapaz dirigiu-se ao banco para pegar o novo cartão da conta da vítima e seguiu para a casa do proprietário de uma motocicleta que ele pretendia adquirir.
O dono da moto não estava no local, mas como sabia do negócio já em andamento a esposa dele fechou a venda do veículo pelo pagamento de R$ 14 mil em 12 parcelas.
Segundo a Polícia Civil, o adolescente convenceu a mulher de que tinha autorização do patrão para utilizar o cartão, do qual tinha, inclusive, acesso à senha, e ela acreditou na versão do rapaz para fechar o negócio.
Ambos dirigiram-se à casa de uma cunhada da mulher, que possui uma empresa que utiliza máquina de cartão, e efetuaram a transação de R$ 14 mil em 12 parcelas.
No entanto, quando voltavam para a casa da mulher, ainda no carro dela, o adolescente recebeu uma ligação do patrão já o questionando sobre a transação, pois a vítima tinha sido avisada pelo banco, de forma online, sobre a dívida. O rapaz negou, então, ao patrão que tivesse feito qualquer tipo de transação com o cartão. A mulher também ouviu a alegação e questionou o rapaz sobre a situação, mas ele desceu rapidamente do carro, pegou a bicicleta que usava e voltou para a oficina mecânica.
Ao chegar à oficina, o adolescente continuou negando ao patrão que tivesse qualquer envolvimento com a transação. Segundo a Polícia Civil, ficou a desconfiança do patrão sobre o rapaz.
A mulher do dono da moto mandou mensagens para o adolescente, questionando sobre a situação e dizendo que iria falar com o patrão dele. O rapaz entrou em desespero, implorou para a mulher não levar adiante o caso e disse que tudo estava resolvido.
Já no começo da noite, com o fim do expediente, o adolescente saiu da oficina com outro funcionário, mas no meio do caminho falou para o colega que precisaria voltar ao estabelecimento para pegar meias que havia esquecido no local. O rapaz estava de bicicleta, enquanto o colega usava uma moto.
Quando voltou para a oficina, o adolescente deparou-se com o patrão sozinho no estabelecimento. Segundo a versão apresentada pelo rapaz à polícia, ambos voltaram a conversar sobre a transação de R$ 14 mil.
Quando o patrão abaixou-se para mexer no câmbio de um veículo que consertava na oficina, o adolescente, sem que a vítima percebesse, pegou uma chave de ferramenta e atingiu um golpe por trás na cabeça do patrão.
Ainda segundo a polícia, o rapaz desferiu outros dois golpes nas costas e mais um na cabeça da vítima. Depois de matar o idoso, o adolescente voltou ao local onde o colega o aguardava e ambos foram a um bar.
Uma hora depois, quando ainda estavam no bar, o amigo do adolescente recebeu uma ligação de um cliente da oficina que lhe contou que o patrão estava caído no chão do estabelecimento em meio a sangue.
O adolescente e o colega voltaram à oficina, onde já encontraram uma aglomeração de pessoas e policiais que prestavam o atendimento à ocorrência.
Segundo a Polícia Civil, o adolescente vai responder pelos atos infracionais relacionados a furto mediante fraude (em relação à transação feita com o cartão bancário da vítima) e homicídio qualificado.
A polícia entendeu como situações qualificadoras do homicídio a premeditação, a surpresa à vítima e a ocultação do crime anterior.
A motocicleta que o adolescente havia adquirido estava em uma oficina e foi apreendida pela Polícia Civil, que a encaminhou à DIG.
O crime foi registrado na noite de 11 de abril. Conforme a delegada Luciana Nunes Falcão, um cliente foi até a oficina mecânica por volta das 20h e chamou pelo nome da vítima, mas ela não respondia aos chamados. Como o portão estava aberto, o homem decidiu entrar no estabelecimento e se deparou com a vítima caída em meio a peças de veículos com um ferimento na cabeça.
O cliente acionou a polícia.
A delegada disse que o homem, de 63 anos, não apresentava marcas de violência pelo corpo, apenas um corte profundo na cabeça.
A perícia foi até o local e um laudo necroscópico deve apontar a causa da morte do homem. O resultado deve sair no máximo em dez dias. Testemunhas também foram ouvidas.
A família contou que ele não tinha nenhum problema de saúde que pudesse ter relação com a morte.
Fonte: G1 Presidente Prudente