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Brasil recebe vírus-semente para iniciar desenvolvimento de vacina contra monkeypox

Centro Tecnologia em Vacinas da UFMG recebe nesta segunda-feira (06) o Vírus Vaccínia Ankara Modificado (MVA) doado pelo Instituto Nacional de Saúde dos EUA

Duas alíquotas-semente do Vírus Vaccínia Ankara Modificado (MVA) foram entregues nesta segunda-feira (05/9) no Centro de Tecnologia de Vacinas (CT Vacinas) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O material biológico chegou Brasil na sexta-feira (02), no aeroporto de Confins, em Minas Gerais. A ação é apoiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) por meio da RedeVírus MCTI. Esse é um primeiro passo para que o Brasil possa iniciar a pesquisa para produção em território nacional de uma vacina antivariólica, que tem ação para monkeypox.

O CT Vacinas está em processo para ser transformado em um Centro Nacional de Tecnologias em Vacinas MCTI, decorrente de um acordo firmado em 2021 entre a pasta ministerial e a UFMG. A medida ampliará a capacidade brasileira no desenvolvimento de vacinas.

O material biológico foi doado pelo Instituto Nacional de Saúde (National Institutes of Health – NHI), agência de pesquisa médica dos Estados Unidos, ao CT Vacinas da UFMG por meio de um Acordo de Transferência de Material Clínico (CMTA – Clinical Material Transfer Agreement).

As sementes do vírus vacinal, como são chamadas tecnicamente, serão utilizadas para a produção de lotes de vacina para a realização de testes pré-clínicos e clínicos no Brasil. As etapas fazem parte do processo de desenvolvimento de vacina. O material também é ponto de partida para o desenvolvimento nacional do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), que é a matéria-prima para a produção vacinas, contra a varíola símia (monkeypox). Os estudos clínicos que serão realizados no País também contribuirão para confirmar a eficácia do uso do MVA como vírus vacinal para seres humanos no contexto do surto de monkeypox.

O CTVacinas receberá o lote e trabalhará em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos). Cada alíquota contém 0,2ml do vírus ultrapuro que foi produzido em boas práticas de fabricação e de laboratório, ou seja, apto para servir de base para produção de material que possa ser inoculado em seres humanos.

Os pesquisadores especialistas em varíola e responsáveis pelas pesquisas das duas instituições integram a RedeVírus MCTI e utilizarão o material biológico para iniciar pesquisas para avaliar a utilização da vacina contra o vírus monkeypox. O trabalho conjunto envolve a definição de protocolos e processos.

A iniciativa é uma das ações definidas como prioritária pelos pesquisadores brasileiros que integram a CâmaraPOX MCTI. Constituída em maio deste ano, o grupo formado por oito pesquisadores brasileiros especialistas em varíola e outros poxvírus assessora o MCTI sobre o assunto em relação à pesquisa, desenvolvimento e inovação.

O apoio da RedeVírus MCTI, por meio do financiamento pretérito que fomenta a pesquisa na área de vírus emergentes e reemergentes desde 2020, permitiu estabelecer as condições para que os integrantes da CâmaraPOX pudessem requisitar o vírus, incorporação, negociações para a produção no Brasil.

Varíola – A varíola humana foi erradicada no mundo na década de 1970 por meio da ação vacinal coordenada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). À época, o MVA, que é uma espécie de ‘primo’ da varíola humana, foi um dos vírus utilizados nos programas de imunização. De acordo com os especialistas, são poucos laboratórios no mundo possuem esse vírus que é base para vacinas de 3ª geração. O MVA foi modificado na Alemanha por meio de ‘passagens’, pelo menos 500 vezes, em ovos de galinha de modo a ficar completamente atenuado, ou seja, sofreu mutações capazes de deixar o vírus adaptado ao hospedeiro aviário, mas que o tornou incapaz de se replicar produtivamente em seres humanos e outros mamíferos. Essas alterações permitem que ao ser aplicado no corpo humano no formato de vacina, o vírus produção de antígenos (induz resposta imunológica), mas não consegue se replicar. É o mesmo princípio da vacina que utiliza como base o adenovírus, utilizado para a produção de vacinas de combate à Covid-19.

RedeVírus MCTI – A RedeVírus MCTI foi instituída em fevereiro de 2020, antes mesmo de a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar pandemia do coronavírus. O comitê presta assessoramento técnico-científico ao MCTI sobre as estratégias e necessidades na área de ciência, tecnologia e inovação necessárias na área de saúde. A Rede está organizada em subredes que contemplam desenvolvimento de testes para diagnóstico, sequenciamento e monitoramento genômico, desenvolvimento de vacinas, monitoramento epidemiológico de animais e em águas residuais.

CT Vacinas – O CT-Vacinas é um centro de pesquisas em biotecnologia voltado para o desenvolvimento de novas tecnologias ligadas à produção de kits de diagnóstico e vacinas contra doenças humanas e veterinárias. É também a sede do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Vacinas.

O CT Vacinas conduz pesquisas para desenvolver vacinas contra doenças como leishmaniose, malária, doença de Chagas e Covid-19. A vacina contra Covid-19, SpiN-Tec, que recebeu financiamento do MCTI, aguarda autorização do órgão regulador brasileiro para iniciar os testes clínicos. A vacina contra malária, que também conta com apoio do MCTI, aguarda a realização dos testes de segurança, um dos últimos pré-requisitos antes dos ensaios clínicos.

 

Fonte: Secom

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