O Banco Central divulgou, nesta terça-feira (27), a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na semana passada. O mercado esperava a divulgação do documento, que apresenta detalhes acerca da decisão de manutenção da taxa Selic em 13,75%. O patamar é mantido há sete reuniões consecutivas.
O valor tem sido alvo de críticas pelo governo federal e empresários, que alegam que a taxa é demasiadamente alta para o baixo patamar registrado de inflação nos últimos meses. O Banco Central, por sua vez, argumenta que a manutenção da Selic nesse patamar é necessária para se alcançar as metas de inflação, que hoje se encontram em 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual, para cima ou para baixo.
Portanto, com a projeção de inflação em 5,06% para 2023, a expectativa ainda permanece acima da meta.
A manutenção da taxa básica de juros da economia em 13,75% ocorre em vista da memória inflacionária do país e da necessidade de adequação às condições internas e externas da economia. O argumento do mercado de que a alta taxa de juros desfavoreça a economia não procede em vista do Banco Central, que afirma que “um aperto monetário” no curto prazo beneficiará a economia no médio e longo prazo.
Na última semana, a expectativa dos mercados oscilou negativamente, não apenas pela divulgação da manutenção da Selic, mas pela considerada “dura medida” do Bacen, em não sinalizar uma possível queda em agosto, como era esperado. A bolsa de valores chegou a oscilar negativamente, aos 118 mil pontos, após ter tido uma aceleração nas últimas semanas, chegando a atingir o patamar dos 120 mil pontos.
Entretanto, após a divulgação da ata completa, há um abrandamento do anúncio do comitê. Dessa vez, o Copom sinalizou com mais detalhes a possibilidade de que menores taxas de juros aconteçam a partir de agosto deste ano, a depender da manutenção da taxa de inflação em menores patamares.
Em agosto deste ano, o Copom se reúne novamente para definir as taxas de juros básica da economia. Mesmo antes da divulgação da ata completa, já era esperada uma menor taxa de juros básica da economia para agosto. O documento completo confirma essa expectativa.
A divulgação do documento diminui as expectativas negativas de investidores e a bolsa de valores futura opera em alta e com prévia da inflação divulgada no mesmo dia. Uma inflação menor reforça que o Banco Central possivelmente reduza a taxa Selic na próxima reunião. As reuniões do Copom ocorrem a cada 45 dias.
Atualização da Conjuntura Econômica, segundo o Copom
Por um lado, o Banco Central afirma que o ambiente externo se mantém adverso, com aperto dos mercados de crédito nos EUA. Junto a isso, os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas. Nesses ambientes, a inflação se mostra resiliente.
Em diversos países, a inflação se mostra superior às suas metas. Esse cenário aponta para um ciclo de alta da taxa de juros em diversos países do mundo e cautela na condução de política econômica.
Por outro lado, a divulgação do PIB no primeiro trimestre de 2023, que cresceu 1,9%, contribui para a possível queda da taxa de juros em agosto. Grande parte da surpresa se deve ao bom desempenho agropecuário.
Além disso, recentemente a inflação ao consumidor apresentou queda e contribuiu de maneira significativa para a redução da taxa básica da economia. A expectativa da inflação para 2023 é de 5,1%. Já para 2024, é de 4,0%.
Alguns fatores se destacam para o controle da inflação, como no cenário externo, em que bancos centrais mantêm a política de aperto de condições financeiras por períodos mais elevados. Isto também favorece uma possível baixa da inflação, inclusive no Brasil, em vista de menor pressão inflacionária externa.
A inflação e as expectativas sobre ela são determinantes para alterações na taxa de juros básica na economia. Maiores expectativas de alta sobre a inflação levam ao aumento da taxa básica de juros.
Fonte: Brasil 61