Agente penitenciário acusado de feminicídio é transferido para Adamantina
Preso em São Paulo, agente penitenciário, que é réu confesso, está aos cuidados da Polícia Civil em Adamantina (Cedida)
Crime foi no domingo. Agente penitenciário matou a ex-companheira, a tiros, e ocultou o corpo
O agente penitenciário, Tiago Pina, réu confesso do assassinato da ex-companheira, Vanessa Nery Maciel, de 30 anos, ocorrido no último domingo (26) e preso na tarde desta segunda-feira (27), em São Paulo, já está na Cadeia de Adamantina.
Ele chegou a Adamantina na noite desta terça-feira (28), trazido pela equipe da Polícia Civil local, com agentes da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) e DISE (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes, que atuaram na investigação e esclarecimento do caso.
O acusado estava recolhido desde a noite de segunda feira, na carceragem do 81º DP, na capital paulista e agora deverá responder ao inquérito detido, por decisão do Poder Judiciário, que determinou sua prisão preventiva.
Segundo a Polícia Civil, Vanessa estava desaparecida desde as 17h de domingo (26), conforme relataram seus familiares. Ela saiu de casa e não retornou. Na segunda-feira (27) pela manhã o caso foi oficialmente comunicado à Polícia Civil, sendo registrado boletim de ocorrência de desaparecimento. Imediatamente as equipes da DIG/DISE iniciaram as investigações.
A vítima e o acusado tiveram um relacionamento por cerca de nove anos e o rapaz, mesmo estando em outro relacionamento, não aceitava seu término. Ele esteve em Adamantina no fim de semana e essa circunstância foi determinante para que a Polícia Civil passasse a investigá-lo.
A Polícia Civil de Adamantina apurou que, no domingo, o rapaz chegou à sua casa, em Adamantina, por volta das 19h, onde tomou um banho apressado, limpou o carro com um aspirador de pó e em seguida viajou para São Paulo, para trabalhar na segunda-feira.
Esse comportamento chamou a atenção das equipes da DIG/DISE, que rapidamente oficiaram ao 81º DP, na capital paulista, para que fizessem a apreensão do celular e do veículo do suspeito. O agente ainda estava em horário de trabalho, na unidade prisional Belém 1, quando os policiais chegaram ao local e ele confessou o crime, informando que matou a ex-companheira a tiros e ocultou o corpo em uma estrada rural, em Adamantina.
Com a prisão do réu confesso, o próximo passo era descobrir a localização do corpo da vítima. A princípio o acusado não sabia explicar onde o havia deixado, mas depois forneceu informações que ajudaram na sua localização. Houve inclusive o emprego de videoconferência, onde foi entrevistado pela equipe da DIG/DISE e revelou detalhes, permitindo encontrar o cadáver. Ele confessou ter abandonado o corpo em meio a um canavial por volta das 18h do domingo.
Poucas horas após ser preso, o corpo da vítima foi encontrado pelas equipes da DIG/DISE, em meio a um canavial, por volta das 22h20, na altura do km 3 da Rodovia Plácido Rocha, que dá acesso ao bairro Lagoa Seca (reveja) . As equipes da Polícia Civil local fizeram uma ampla varredura que possibilitou sua localização e, posteriormente, o acionamento da Polícia Cientifica, para trabalhos de perícia. O corpo da vítima apresentava três perfurações por projéteis de arma de fogo.
O corpo de Vanessa foi removido pelo serviço funerário aos cuidados de peritos do Instituto Médico Legal (IML), velado durante esta terça-feira em Adamantina e sepultado às 16h, no Cemitério da Saudade.
PM encontra cápsulas deflagradas
Em buscas realizadas na manhã desta terça-feira pela Polícia Militar de Adamantina, foram localizados objetos que podem ter relação com o crime, em uma área rural na Estrada 14, proximidades com a antiga CRERES, local da possível execução do crime.
Foram encontrados cinco estojos de munição calibre 380, cápsulas deflagradas e uma munição intacta, além de uma pulseira ou cordão, de material aparentando ser prata.
Com a localização desses materiais, amplia-se o cenário da dinâmica do crime, já que a execução teria ocorrido em um ponto da zona rural e o corpo da vítima dispensado em outro ponto, onde foi ocultado pelo assassino em meio a um canavial, na Rodovia Vicinal Plácido Rocha, altura do km 3. A distância entre esses dois locais tem cerca de 10 km.
Reconstituição do crime
Um inquérito, no âmbito da Polícia Civil, investiga o caso. A apuração é presidida pelo delegado Rodrigo Alabarse, titular da DIG. Ao final do inquérito, o caso será remetido ao Fórum da Comarca de Adamantina, onde deverá ser julgado. Laudos dos peritos da Polícia Científica e do IML deverão subsidiar as investigações.
O delegado Rodrigo Alabarse revelou no final da manhã desta terça-feira que poderá pedir a reconstituição dos fatos, para refazer toda a dinâmica do crime. Essa possibilidade ainda depende de autorização do acusado, já que a eventual reconstituição poderá produzir provas contra si mesmo.
O depoimento do preso e uma eventual reconstituição do crime podem esclarecer sobre esses dois cenários. Outro ponto, ainda de dúvida, é a maneira como a vítima foi abordada, sobretudo esclarecer se ela foi coagida a acompanhar o acusado.
Folha Regional