Espelhos, relógios e pés de coelho
Parece que foi hoje, mas o dia termina,
E lá se vão quarenta anos,
Passados num espelho embaçado,
Num piscar de olhos, no virar a esquina.
No bater à porta, no velho relógio parado.
Na cidade que muda e se renova
No coração apaixonado,
Ouvindo música da bossa-nova.
Querendo voltar o tempo,
Mas o tempo segue em frente,
Nem se importa com a gente
Pouco se dá, se estás triste ou contente.
Sempre lhe apresenta lembranças e espelhos,
As primeiras lhe fazem reviver
E o segundo, lhe dá um conselho:
Enxugue esses olhos vermelhos.
Na vida há muitas portas fechadas
E, ter sorte. Adivinha? Como diz Azirio Cardoso:
Não tem pé de coelho, nem abracadabra
Confie mais num pé de cabra!
Solange Lisboa
18/12/2023
Escritora/poeta
@sollisboapoeta