26 de maio de 2022

A importância de estarmos situados no chão da vida

A importância de estarmos situados no chão da vida

Quero falar com você sobre a importância de estarmos bem situados no chão da vida para alcançar a Deus. Quem nos ajuda nisso é a espiritualidade monástica, dos monges. Nós podemos também chamá-la como espiritualidade debaixo, aquela que parte de minha realidade para encontrar a Deus. Um monge nos ajuda a compreender como chegar a Deus, dizendo o seguinte: se vires um jovem monge procurando alcançar o céu com sua própria vontade, segura seus pés e puxe-o para baixo, pois isso de nada lhe serve. O que isso quer dizer? Justamente os jovens correm o risco de irem atrás de ideais elevados. Muitas vezes o jovem entra na vida do monastério, do seminário, e exagera na meditação, a fim de o mais rápido possível se tornar espiritual. Contra isso, o velho Abade Antão protesta: “a necessidade primeira do jovem é entrar em contato consigo mesmo e com sua realidade para chegar a Deus. Do contrário, irá levantar voo e terá que cair miseravelmente, porque suas asas são de cera.”

Isso acontece também com pessoas adultas. Querem chegar a Deus, se distanciar do mundo e da realidade. É como se dessem um voo para o alto, mas ao mesmo tempo – como suas asas são de cera -, vão cair. Nós temos necessidade de bastante contato com o chão, para que o salto para Deus possa lograr êxito. Precisamos estar em contato com a vida, com a nossa realidade. Há, muitas vezes, uma tentativa de negar as necessidades humanas básicas, os sentimentos e as tarefas do desenvolvimento ou de transcendê-las com demasiada rapidez, para chegar a Deus. Alguns tentam negar essas necessidades básicas através de exercícios espirituais.

A espiritualidade do chão da vida me diz que o meu caminho espiritual sempre passa pela aceitação da minha própria realidade. Eu preciso admitir a minha vida, a minha sexualidade, os meus traumas, as minhas paixões… Do contrário, estarei tentando passar por cima de minhas sombras e chegar depressa demais a Deus. Mas, então, não há de ser o Deus verdadeiro, mas apenas uma projeção de Deus, ou seja, a ideia que eu faço de Deus. O Deus verdadeiro me faz assumir tudo aquilo que eu sou, e aí sim estarei em contato com Ele.

 

Padre Ezequiel Dal Pozzo

Compartilhe esta notícia

Ouça Ao Vivo

Apoio Cultural

As mais lidas de hoje

Apoio Cultural

As mais lidas da semana

Apoio Cultural

As mais lidas do mês