15 de fevereiro de 2022

Após 8 anos de descoberta, ossada da pelve de dinossauro herbívoro é retirada de fazenda em Alfredo Marcondes

Após 8 anos de descoberta, ossada da pelve de dinossauro herbívoro é retirada de fazenda em Alfredo Marcondes
Fóssil do saurópode, de provavelmente mais de 13 metros de comprimento, foi deixado no local por anos devido à falta de recursos para remoção. Estudos com a peça e também da região devem continuar.

Foram precisos vários dias de um trabalho minucioso para a retirada de um fóssil pré-histórico encontrado em uma fazenda, em Alfredo Marcondes (SP). Trata-se da ossada da pelve de um dinossauro saurópode, que provavelmente tinha mais de 13 metros de comprimento. A remoção foi realizada nesta segunda-feira (14) por pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) em parceira com a Etec de Presidente Prudente.

O osso foi encontrado em 2014 por outro grupo de paleontólogos, também do Rio de Janeiro, que, durante uma saída a campo pelo Oeste Paulista, encontraram a peça já exposta no solo. Contudo, por falta de recursos, a ossada não foi removida e permaneceu protegida nos últimos oito anos.

Acredita-se que o fóssil tenha cerca de 70 milhões de anos. Uma das preocupações dos pesquisadores era que pelve pré-histórica se rompesse durante a retirada. A solução encontrada foi envolver o material em gesso. Assim, a peça ficou mais protegida na hora de remover e de ser transportada.

Conforme explicou o paleontólogo da UERJ André Eduardo Piacentini Pinheiro, a peça foi levada para a Etec de Presidente Prudente, onde a equipe adequou a proteção do fóssil. “Num futuro próximo, a UFRJ vem buscar a peça pra gente abrir no laboratório, para estudo”, contou.

“Os titanossauros eram animais herbívoros. Como os herbívoros de hoje, viviam em grupos, provavelmente pequenas manadas, migravam bastante, andavam por todo o território, deviam nidificar em grupos, viajar a longas distâncias para se reproduzir, se alimentar”, explicou a pesquisadora Kamila Luísa Nogueira Bandeira.

Tudo indica que este dinossauro tenha morrido muito próximo do local onde foi encontrado o fóssil por ser um elemento ósseo bastante pesado. “Ou ele morreu a poucos metros e foi arrastado”, comentou Bandeira.

“O mais entranho é, por enquanto, não estar achando outros ossos desse mesmo indivíduo e até de outros que deveriam estar aqui. Mas, mais pesquisas precisam ser feitas pela região para ver se aparece alguma coisa”, acrescentou a pesquisadora.

Mais descobertas

 

E bem próximo do local onde foi encontrada a pelve, o grupo fez outra descoberta: uma vértebra da calda, também de um saurópode. É um animal menor do que o outro, com cerca de nove metros.

Diante de tantas descobertas na região de Presidente Prudente, um projeto pretende criar um museu paleontológico na cidade.

“Ficou acordado um termo de cooperação da UERJ, a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, junto com a Etec, pra construção de um museu e de um ‘Dinomundo’, um parque dentro da Cidade da Criança”, contou Thadeu Spósito, diretor da Etec.

Para quem desenterra o passado, o Oeste Paulista ainda tem muita história para ser revelada.

“A fauna aqui era muito rica. Tinha bastante dinossauros, saurópodes, tinha dinossauros carnívoros também, os terópodos, tinha as aves também, em Prudente já foi encontrado em outra localidade, tudo indica que sejam Enantiornithes, um grupo extinto de aves; aqui era rico em crocodiliformes também, então tem bastante crocodiliano fóssil de um grupo que, apesar de uma semelhança com os modernos, é um grupo completamente extinto”, finalizou André Piacentini.

A região está inserida na Bacia Bauru, uma área do território brasileiro com 370 mil km² que abrange parcialmente cinco estados (São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás) e está repleta de sedimentos como fósseis de dinossauros, de mamíferos e outros répteis pré-históricos.

Fonte: G1

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