18 de dezembro de 2020

Come Back To Me – capítulo 1/3

Come Back To Me – capítulo 1/3

— O que foi isso? Lauren, você está toda machucada! — Camila exclama vendo o hematoma em meu ombro e os arranhões ao longo de todo o meu braço e mão.

— Não foi nada Camz.

— Como não? Olha só esse corte! Está profundo!

— Foi só um arranhão, você está exagerando.

— Deixe-me ver isso direito! — Pede puxando meu braço fazendo-me gemer baixinho pela dor — Olha só! Como conseguiu fazer isso? Ontem você não estava assim!

— Foi durante um salvamento Camz, acontece.

— A sua mão está cheia de vergões!

— O menino surtou; puro instinto de sobrevivência.

— E esse ombro? Esse corte?

— Bati numa rocha.

— Mas que merda Lauren!

— Camz… — Peço sabendo onde isso nos levaria.

— Não! Não venha com “Camz” agora! Até quando você vai continuar com isso Lauren? Desde que você resolveu que entraria para a Guarda Costeira que eu não tenho um único dia de sossego!

— Camila…

— Lauren!

— Amor — Seguro seu rosto entre minhas mãos e encaro seus olhos preocupados e irritados — Foram só uns arranhões, isso acontece mesmo!

— Eu não estou brigando com você por esses machucados, Lauren!

— Eu nem sabia que estávamos brigando. — Tento descontrair, mas ela se afasta ainda mais brava.

— Dessa vez foi um corte, um hematoma, assim como já aconteceram várias outras vezes. Mas, você não percebe o que você tem me pedido desde que inventou essa história? Lauren, todas as vezes que você sai para trabalhar eu me pego rezando e pedindo a Deus pra que você volte para mim!

— Camz…

— Lauren, eu não quero passar a minha vida toda vivendo nessa angustia! Você não pode me pedir isso! Nós vamos nos casar, você precisa considerar a minha opinião também!

— Mas, eu sempre considerei! Sua opinião sempre foi muito importante pra mim, mas nem por isso eu sou obrigada a concordar com ela.

— Lauren, eu não quero passar a vida toda me perguntando se a minha esposa vai voltar para casa na hora do jantar! E também não quero passar a vida toda em Kodiak! Eu quero crescer, quero sair daqui!

— Camila…

Era sempre assim. Eu estava mais do que satisfeita com minha vida aqui, meus pais moraram aqui quase a vida toda… Mas, Camila é diferente, tudo o que ela sempre quis foi se formar para ir embora para bem longe de Kodiak. Se nós deveríamos ter considerado isso antes de nos comprometermos? Com certeza, mas, quem controla as questões do coração, não é mesmo?

— Considere isso Lauren, por favor. Por mim! Poxa, eu abri mão de estudar na Universidade que eu queria pra que a gente não se separasse porque você nunca quis um namoro à distância, você não pode fazer um esforço por mim agora?

— Mas, você está me pedindo para desistir do meu sonho Camz…

Ela segura minha mão e me faz sentar na cama subindo em meu colo.

— Eu estou te pedindo para pensar um pouquinho em mim.

— Mas, é só o que eu faço! — Seguro sua cintura trazendo seu corpo para mais perto do meu.

— Lauren, imagine se você tivesse que conviver diariamente com a angústia, com o desespero de não saber se eu voltaria para casa no fim do dia.

Pensar nisso faz meu peito apertar dolorosamente.

— Você pode pedir transferência para outro lugar. Um mais tranquilo.

Sorrio beijando sua bochecha.

— O que você tem contra Kodiak?

— O que eu teria a favor? — Devolve o beijo. — É sério, amor. Mergulhar no mar aqui é quase suicídio.

— Para quem não tem treinamento, com certeza, mas, não para mim. — Sorrio tentando beija-la, mas Camila se esquiva me encarando com seriedade.

— Lauren, eu não estou brincando!

— Eu também não.

— Como vamos nos casar desse jeito? Eu querendo ir embora, você teimando em ficar.

— Eu não estou te pedindo pra nós ficarmos aqui toda a nossa vida Camz. Eu só preciso me firmar melhor, quero conseguir algum posto entende.

— Lauren, você está na Guarda Costeira há menos de dois anos e já é subtenente! Normani levou mais de quatro para conseguir isso!

Dou de ombros.

— Não é o suficiente.

— Mas, você pode pedir transferência, amor!

Inspiro profundamente soltando o ar com mais paciência do que realmente tenho.

— Vamos fazer um acordo. Dê-me dois anos, Camz… Se eu conseguir subir de patente nesse período, eu prometo que peço transferência para outra base. Um lugar que você goste e que seja mais… Seguro — Faço uma careta.

— E se você não conseguir?

Penso por um momento. Servir em outro lugar não seria ruim, mas, poderia fazer com que a demora em conseguir uma promoção fosse bem maior. Além disso, eu gosto daqui. Mas, eu amo a Camila… Droga!

— Dê-me esse tempo, amor. Conseguindo ou não, eu tento uma transferência. — Sentencio firme, afinal, essa não é a primeira conversa que Camila e eu temos sobre esse assunto.

— Dois anos? Promete Lauren? Você não está dizendo isso só para fugir do assunto?

— Você tem a minha palavra, futura senhora Jauregui! — Aperto sua cintura sorrindo ao vê-la sorrir satisfeita. — Eu amo o mar daqui, amo estar na água e ajudar as pessoas, mas, eu te entendo Camz. Eu posso continuar fazendo isso tudo num lugar que seja sem graça… Ai! — Exclamo ao ser beliscada na bochecha — Eu quis dizer um lugar tranquilo! Doeu! — Digo passando a mão por minha pele.

— Você mereceu por ser teimosa e resmungona!

— Dá um beijinho pra sarar!

— Não! — Responde fazendo um bico lindo e teimoso.

— Por favor?

— Não senhora.

— Camz…! — Peço manhosa e logo sou atendida. — Agora um beijo de verdade e bem gostoso!

— De jeito nenhum, seu pai e seu irmão estão em casa.

— Eu só quero um beijo, menina!

— Sem beijo pra você. — Tenta sair do meu colo, mas eu sou mais rápida e me deito no colchão levando-a para cima de mim. — Você sabe que já fizemos coisa muito pior bem aqui nessa cama. — Digo e suas bochechas ficam coradas imediatamente.

— Idiota.

— Pode me xingar o quanto quiser, mas, só vai sair daqui se me beijar.

— Lauren… — Tenta falar, mas eu selo nossos lábios sentindo suas mãos procurarem os meus cabelos puxando levemente. Inverto nossas posições e a deito embaixo do meu corpo e me encaixo entre as suas pernas. Nossas línguas disputavam para ver quem dominaria o beijo quando a voz do meu irmão faz Camila me empurrar com força fazendo-me rolar para o lado.

— Em minha defesa eu bati na porta antes de entrar, vocês é que não escutaram! — Sorri espalmando as mãos como quem se defende — Eu vim para dar os parabéns a vocês pelo noivado, mas, pelo jeito acabei atrapalhando a comemoração.

— Exatamente! Some! — Digo tentando voltar para cima de Camila que me rejeita novamente deixando um tapa leve em meu rosto.

— Não liga para a sua irmã, Chris! Ela é uma idiota! — Camila diz enquanto caminhava para junto de meu irmão que a abraça sorrindo levantando-a do chão.

— Parabéns Mila! Eu estou muito feliz por vocês! Muito mesmo! — Beija o rosto de Camila que sorri e devolve o beijo agradecendo. — Já estava mais do que na hora da Lauren parar de te enrolar. Quatro anos é tempo mais que suficiente!

— Ok, ok! Já pode largar a minha mulher — Puxando Camila para fora do abraço de Chris que sorri e logo seus braços me puxam contra seu peito, seus braços fortes me apertando tanto que sinto os ossos de minha coluna estalando.  — Parabéns irmã! — Sussurra em meu ouvido baixinho, o suficiente para que apenas eu escutasse sua voz.

Pronto. Meus olhos ardem no mesmo instante e mesmo sem querer deixo algumas lágrimas escaparem molhando a camisa dele.

— Eu estou muito orgulhoso de você.

Permito-me ficar ali por mais um tempinho antes de desfazer nosso abraço e afastar as lágrimas com minhas mãos agitadas.

— Amor! — Camila exclama e logo sou envolvida novamente num abraço, dessa vez por braços finos e um corpo infinitamente mais delicado.

— Eu estou bem…

— Ela é mesmo uma molenga Mila, sabe disso. — Meu irmão tenta brincar, mas seus olhos estavam tão marejados quanto os meus.

— Obrigada Chris. Por tudo.

— Eu só desejo o melhor para vocês duas Laur. Vocês merecem! E eu quero só saber quando serei convidado para ser o padrinho! — Afirma quebrando o clima excessivamente sentimental nos fazendo rir. — O que? Eu vou ser o padrinho, não vou?!

— É claro que sim, ninguém melhor que você Chris! — Camila diz ainda sorrindo.

— Foi o que eu pensei.

Olho para meu irmão tão parecido comigo, sermos filhos de mães diferentes não foi o suficiente para barrar a genética Jauregui, e sinto uma felicidade sincera por saber que tenho seu apoio.

— Só por isso eu desculpo vocês por não terem me contado antes.

— Desculpe por isso. Na verdade, Lauren me surpreendeu, eu também não estava esperando.

— Você podia ter me contado sua chata. Eu não teria dito nada ao papai.

— Nós dois sabemos que você é linguarudo demais para guardar esse tipo de segredo.

— Ansiedade não é sinônimo de fofoca, irmã! — Ele brinca — Eu falei com o papai. — Adotando um tom mais sério — Não liga pra ele Laur, você sabe como ele é. Se ele pudesse te prender dentro de uma caixinha pra garantir que você nunca sairia de perto dele, ele faria. Mas, eu tenho certeza de que ele está muito feliz por vocês.

— Eu não tenho tanta certeza assim. Ele nem me deu os parabéns.

— Dê um tempo para ele, amor. — Camila diz beijando meu rosto. — Ele só precisa disso.

Sorrio e entrelaço nossos dedos apertando sua mão.

— Bom, eu vou indo, ainda tenho alguns pacientes para atender. Meninas, outra vez, meus parabéns. — Deixa um beijo rápido primeiro em Camila e depois em mim — Eu amo vocês! Agora, podem voltar pra essa coisa que vocês estavam fazendo… — Ri e deixa o quarto antes que eu pudesse responder.

— Viu só? Todos estão felizes por nós!

— Isso eu não sei, você ainda não me falou como foi com os seus pais. — Digo voltando para a cama e deitando de costas enquanto Camila se ajeitava ao meu lado.

— Meus pais te adoram, amor. Eles querem que você vá lá para que a gente possa conversar direitinho sobre nossa mudança. Meu pai ficou feliz por saber que vamos nos casar, mas, não gostou muito da ideia de morarmos juntas antes disso.

— Huumm… Será que ele tem medo de que eu possa colocar a filhinha dele em maus caminhos? — Pergunto sorrindo beijando seus lábios e escondendo meu rosto em seu pescoço.

— É bem provável.

Passo meu nariz por sua pele sentindo-a se arrepiar.

— Então é melhor que eu nem vá.

— E por quê?

— Porque — Beijo seus lábios enquanto aperto sua cintura recebendo um gemido fraco — Se ele disser que não aceita que você vá morar comigo antes do casamento por razões morais — Sinto suas mãos subindo por minhas costas — Eu serei obrigada a dizer que a menininha dele já é minha mulher, no sentindo mais pleno e literal da palavra, há muito tempo.

Sua risada divertida me fazendo ter ainda mais certeza de que Camila é a única mulher da minha vida.

— Você não presta Lauren Jauregui.

— Eu sei. Mas, você me ama assim mesmo. — Digo convencida.

— Isso é verdade! — Concorda sorrindo de um jeito só dela.

Fonte: Minerva Scarlet

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