2 de maio de 2019

Cegos, surdos e mudos

Cegos, surdos e mudos
Carlos Eduardo Bertin - Foto - Arquivo pessoal

“Nunca o nosso mundo teve ao seu dispor tanta comunicação. E nunca foi tão dramática a nossa solidão. Nunca houve tanta estrada. E nunca nos visitamos tão pouco” (Mia Couto).

A internet, os aparelhos celulares e as redes sociais facilitaram a comunicação entre os seres humanos. Hoje, em qualquer lugar e a qualquer momento, uma mensagem pode ser enviada pelo Whatsapp para informar algo importante, o Facebook facilita a aproximação e reencontro entre as pessoas e o Instragram proporciona o compartilhamento de fotos de momentos importantes.

Os aparelhos celulares com boas câmeras permitem a gravação de vídeos que mostram as injustiças sociais e outros acontecimentos cotidianos. Por isso, novos grupos de comunicação emergem com o intuito de apresentar narrativas que divergem das mídias hegemônicas ao mesmo tempo em que as mídias hegemônicas se apropriam desses recursos para se aproximar do público e difundir notícias.

O ser humano tem ao seu dispor todos esses instrumentos que facilitam a comunicação e a aproximação. Apesar disso, nunca esteve tão isolado, embora pense que seja diferente.

Certa vez, um rapaz publicou um texto em seu Facebook relatando sua luta contra a depressão. Na ocasião, recebeu dezenas de likes e comentários. Muitas pessoas que interagiram com ele faziam parte do seu círculo de amigos e manifestaram apoio e empatia na publicação. Dias depois, encontrou-se com algumas dessas pessoas e tentou manter algum diálogo. Porém, as mesmas pessoas preocupavam-se mais com as mensagens de Whatsapp do que com suas palavras. Percebeu, ali, que as palavras têm mais efeitos nas redes do que na vida real.

Esse episódio revela a atual sociedade contemporânea. As pessoas leem e escrevem textos no Facebook, ouvem áudios de Whatsapp, observam e curtem fotos no Instagram e seguem a lógica da troca de informações permitida pelas redes. No entanto, estão cegas, surdas e mudas para as relações humanas.

Por Carlos Eduardo Bertin

*Carlos Eduardo Bertin (31) é jornalista e publicitário formado pela UniFai e mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Trabalhou como responsável pelo setor de Informação, Educação e Comunicação (IEC) do Departamento de Controle de Vetores da Prefeitura de Lucélia, repórter do Jornal Impacto e editor do Jornal Brasileiro da Ciência da Comunicação (JBCC) da Cátedra UNESCO/ UMESP de Comunicação para o Desenvolvimento Social. Escreve sobre cultura, política, religião e comunicação. É luceliense, esquerdista e torce para o São Paulo Futebol Clube. Atualmente, reside em São Bernardo do Campo.

Compartilhe esta notícia

Ouça Ao Vivo

Apoio Cultural

As mais lidas de hoje

Apoio Cultural

As mais lidas da semana

Apoio Cultural

As mais lidas do mês