21 de janeiro de 2022

21 de janeiro: há 1 ano foi iniciada a vacinação contra a Covid-19 em Adamantina

21 de janeiro: há 1 ano foi iniciada a vacinação contra a Covid-19 em Adamantina

Há exatamente um ano, em 21 de janeiro de 2021, foi iniciada a vacinação contra a Covid-19 em Adamantina. A imunização começou a ser realizada um dia depois que a cidade recebeu o primeiro lote com 640 doses das vacinas Coronavac, produzidas pelo Instituto Butantan, suficientes para imunizar 320 pessoas entre os grupos prioritários definidos pelo Ministério da Saúde, iniciando pelos profissionais da linha de frente no enfrentamento à Covid-19.

Em Adamantina, a primeira profissional de saúde a receber o imunizante foi a enfermeira Daiane Stefani Périco, hoje com 27 anos. Ela atua na Santa Casa local e na clínica PAI Nosso Lar, acolhendo e assistindo pacientes, salvando vidas e também testemunhando perdas, em decorrência da Covid-19.

Em todo o mundo, a vacinação era a esperança para contenção da pandemia e preservação devidas. Seu avanço ao longo desde um ano permitiu reduzir as mortes, e nos casos de transmissão a doença se manifestou de formas menos graves nas pessoas que contraíram a doença.

Nesta semana, um ano depois de ser imunizada, o SIGA MAIS conversou com Daiane Périco, que comemora o alcance da vacinação. Ela relembra com emoção daquele 21 de janeiro  de 2021. “Foi um momento único na minha vida, onde nascia a dose de esperança em meu coração e no coração de tantas pessoas.  Estávamos vivendo o pior momento da pandemia, tantas pessoas doentes, tantas pessoas morrendo, mas a vacina chegou e com ela veio aquela luz no final do túnel. E tudo foi melhorando”, diz.

Imunizada naquela ocasião com a primeira dose, logo depois com a segunda, e mais adiante com a dose de reforço, ela não recuou de nenhum cuidado sanitário e protocolar, seja na sua atividade profissional ou no relacionamento social e familiar, porém destaca que se viu mais protegida com a vacinação. “Eu me senti mais segura, mas isso não mudou o fato de deixar de se cuidar pois o vírus ainda está aí. A vacina nos protege de sintomas graves, mas não da transmissão. Precisamos continuar tomando todas as precauções”, ressalta.

A vacinação apresentou seu resultados. Mesmo com essa nova alta de casos, neste mês de janeiro, há baixa ocupação hospitalar e mortes. Porém, mesmo assim, há ainda pessoas que resistem à vacinação. Na cidade, nos últimos dias, em razão da nova incidência de casos, e da nova decisão do Governo do Estado de São Paulo, que obriga os servidores estaduais a apresentar comprovante de vacinação para poderem trabalhar, houve uma corrida ao local de vacinação. No CIS (Centro Integrado de Saúde),em Adamantina, houve neste mês de janeiro casos de aplicação da primeira dose, em públicos adultos, que já poderiam estar completamente imunizados e protegidos.

“Ver pessoas negando a vacina é algo muito triste”

Para contrapor aos argumentos entre aqueles contrários à vacinação, a enfermeira faz um apelo: “Não resistam à vacina. A vacinação salva vidas, sim e nos livra dos sintomas graves da Covid”, enfatiza. “A atitude de quem toma a vacina é a atitude de quem ama a vida. Como enfermeira no setor Covid-19 presenciei muito sofrimento, e ver pessoas negando a vacina é algo muito triste”, descreve Daiane.

Ao longo de quase dois anos de pandemia, a profissional vivenciou diferentes momentos, de superação e também de perdas. O SIGA MAIS pediu para que ela contasse algumas das histórias vividas na linha de frente. “Lembro de uma situação, logo no começo do ano passado, quando a situação complicou dentro do setor Covid, com muitas intercorrências. Eu vi a equipe toda da Santa Casa prontamente se ajudando, além do caos que estava aquele dia. Ver a equipe unida foi o que nos manteve de pé e não desistir, sempre um ajudando o outro”, lembra. “Uma outra situação é de um paciente que precisou ser internado em estado grave de Covid e estava com casamento marcado. Ele estava tão preocupado, mas foi curado e há poucos dias eu encontrei ele, e juntos relembramos esse momento. Ele casou. Foi muito emocionante”, destaca.

Por fim, ela deixa uma mensagem aos colegas de profissão e de outras áreas que atuaram e aos que atuam no enfrentamento à doença. “A todos da área da saúde, aos que trabalharam diretamente e indiretamente contra esse vírus, vocês são heróis, e essa luta que enfrentamos vamos levar para sempre em nosso coração. Que possamos contar essa história a todos com orgulho: fizemos parte de um momento histórico”, encerra.

Adamantina: mais de 93% de vacinados

Em Adamantina, a vacinação conta a Covid-19 avança. Conforme o boletim epidemiológico da última sexta-feira (14), um total de 30.556 moradores (a partir de 12 anos) receberam a primeira e segunda doses ou a dose única de imunizantes, o que corresponde a 93,8% da população total indicada para a vacinação, que é de 32.576 habitantes. Dos 30.556 moradores imunizados com o ciclo inicial, 12.441 pessoas receberam a terceira dose. Os dados vacinais foram contabilizados até às 16h do dia anterior, 13. Os dados municipais atualizados sobre vacinação são divulgados sempre às sextas-feiras, no final do dia, junto com o boletim epidemiológico de casos.

Nesta semana, na terça-feira (18), começou em Adamantina a vacinação pediátrica para crianças de 5 a 11 anos. Inicialmente, são imunizadas as crianças com comorbidades.

Outros dados: 564 moradores com a doença ativa

Já o boletim epidemiológico de ontem (20) detalha sobre os demais dados da pandemia, em Adamantina, que acumula o total de 5.250 casos.

Desde o início da pandemia, dos 5.250 casos confirmados, 4.537 se curaram da doença, 149 foram a óbito e 564 estão com a doença ativa. Há ainda 23 exames aguardando resultados.

Em um ano de vacinação, quase 70% dos brasileiros já tomaram duas doses (*)

Um ano depois de começar a vacinação contra a covid-19, o Brasil se aproxima do patamar de 70% da população com as duas doses, enquanto 15% já receberam a dose de reforço e cerca de 75% receberam ao menos a primeira dose, segundo dados do painel Monitora Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A campanha coordenada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) já atinge 69% dos brasileiros com as duas doses e dá agora os primeiros passos para proteger crianças de 5 a 11 anos.

A nível Brasil, a vacinação contra a doença teve sua primeira dose administrada em 17 de janeiro de 2021, na enfermeira Mônica Calazans, em São Paulo. A profissional de saúde recebeu a vacina Coronavac, produzida no Instituto Butantan em parceria com a empresa chinesa Sinovac. Desde então, três em cada quatro brasileiros receberam ao menos a primeira aplicação de um dos quatro imunizantes adquiridos pelo PNI: Astrazeneca, Coronavac, Janssen e Pfizer.

Pesquisadores indicam que o resultado da vacinação produziu queda drástica na mortalidade e nas internações causadas pela pandemia, mesmo diante de mutações mais transmissíveis do coronavírus, como a Delta e a Ômicron.

Mudança epidemiológica

Quando o Brasil aplicou a primeira vacina contra covid-19, no início do ano passado, a média móvel de vítimas da doença passava das 900 por dia, e 23 estados tinham mais de 60% dos leitos de pacientes graves da doença ocupados no Sistema Único de Saúde (SUS). Com doses limitadas, a campanha começou focando grupos mais expostos, como os profissionais de saúde, e mais vulneráveis, como os idosos.

Levou até junho para que um quarto dos brasileiros recebesse ao menos a primeira dose, e o país viveu o período mais letal da pandemia no primeiro semestre do ano passado, quando a variante Gama (P.1) lotou centros de terapia intensiva e chegou a provocar picos de mais de 3 mil vítimas por dia. Nos grupos já vacinados, porém, as mortes começaram a cair conforme os esquemas vacinais eram completos, e os pesquisadores chegaram a indicar que a pandemia havia rejuvenescido, já que os idosos imunizados passaram a representar um percentual menor das vítimas.

A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações, Mônica Levi, reforça que as vacinas reduziram a ocorrência de casos graves e mortes na pandemia, mesmo que a ascensão de variantes mais transmissíveis tenha provocado novas ondas de disseminação do coronavírus. “Não conseguimos ganhar do aparecimento de variantes, principalmente porque não houve uma vacinação em massa no mundo inteiro simultaneamente. Então, em lugares em que havia condições de alta transmissibilidade, surgiram variantes”, afirma ela, que acrescenta: “Mas as vacinas se mostraram eficazes contra formas graves e mortes mesmo nesse contexto de variantes. Neste momento, com a Ômicron, a explosão do número de casos não foi acompanhada nem pelos casos de internação nem pela mortalidade. E isso se deve à vacinação. As vacinas cumpriram o papel principal e mais importante: salvar vidas”.

Pesquisador da Fiocruz Bahia, o epidemiologista Maurício Barreto concorda e avalia que a velocidade de transmissão da Ômicron trará mais um alerta para quem ainda não tomou a primeira dose ou não concluiu o esquema vacinal.

“Esse pico que estamos começando da Ômicron vai crescer nas próximas semanas e pode atingir número grande de pessoas. Pode haver casos severos entre os vacinados, porque a efetividade da vacina não é de 100%,  mas será em uma proporção muito maior entre os não vacinados”, prevê o epidemiologista, que vê risco para os sistemas de saúde com demanda grande por internação de não vacinados. “Havendo número razoável de não vacinados, isso pode gerar enorme quantidade de casos severos. A Ômicron está expondo a fragilidade dos não vacinados”.

Barreto vê como positivo o número de 68% da população com duas doses, mas acredita que há espaço para aumentar esse percentual, porque o Brasil tem tradição de ser um país com alto grau de aceitação das vacinas. Além disso, destaca que há diferença grande entre os vacinados com a primeira dose (75%) e com a segunda dose (68%), o que dá margem para avançar entre quem já se dispôs a receber a primeira aplicação.

“De modo geral, é positivo [o percentual de vacinados]. Reflete, de um lado, o desejo da população de ser vacinada, e, do outro, o desenvolvimento de vacinas com efetividade capaz de proteger principalmente contra casos severos da doença”, afirma ele, que pondera: “Poderia ser um pouco mais. O Brasil poderia chegar um pouco além”.

Vacinação no mundo

O percentual de vacinados com a segunda dose no Brasil posiciona o país à frente da maioria dos vizinhos sul-americanos, segundo a plataforma Our World in Data, vinculada à Universidade de Oxford. Apesar disso, Chile (86%), Uruguai (76%), Argentina (73%) e Equador (72%) conseguiram cobertura maior no continente.

Quando são analisados os 30 países mais populosos do mundo, o Brasil fica na nona colocação entre os que conseguiram a maior cobertura com duas doses, lista que é liderada pela Coreia do Sul (84,5%), China (84,2%) e Japão (78,9%). Em seguida, o ranking tem Itália (74,9%), França (74,8%), Alemanha (71,8%), Reino Unido (70%) e Vietnam (69,7%). Os países onde a população teve menos acesso às vacinas foram Quênia, Nigéria, Tanzânia, Etiópia e República Democrática do Congo, onde o percentual não chegou a 10%.

A América do Sul é o continente com a maior média de vacinação no cálculo da platafoma Our World in Data, com 65% da população com as duas doses. A lista indica grandes desigualdades regionais, com Europa (62%), Asia (58%), Oceania (58%), América do Norte (54%) e América do Sul acima da média mundial de 50% de vacinados, e a África com apenas 9,9% da população com duas doses.

Mônica Levi vê o percentual de vacinados no Brasil como alto em relação a países que lidam com movimentos antivacina mais fortes, como Estados Unidos (62%) e Israel (64%). “Eles não conseguem avançar, porque sobraram aqueles que têm resistência enorme à vacinação. A gente vê no Brasil facilidade muito maior, e estamos em situação melhor. Alguns países estão melhores que a gente, mas a resistência à vacinação aqui ainda não é tão grande, mas pode se tornar”, diz ela, que vê com preocupação a hesitação à vacinação de crianças. “É uma tristeza para nós, da área médica, ver que questões políticas estejam influenciando as decisões de pais sobre a saúde dos próprios filhos, que possa existir pais que se importem mais em seguir orientações politicas do que as bases da ciência e as conclusões de pessoas que são qualificadas para a tomada de decisões na saúde”.

Eventos adversos

A médica afirma que o público está sob bombardeio de informações confusas, que supervalorizam eventos adversos raros previstos na vacinação e ignoram os benefícios que as vacinas já trouxeram desde o início da pandemia.

“Eventos adversos aconteceram, alguns graves, mas foram extremamente raros e muito menos frequentes que a ocorrência desses mesmos quadros sendo causados pela própria covid-19. A ponderação do risco-benefício é extremamente favorável à vacinação. A gente não está negando a existência de eventos adversos graves. Eles existem, mas são extremamente raros. Só que a gente tem que considerar as vidas salvas e os benefícios que a vacinação traz frente ao risco que é incomparavelmente menor”.

O epidemiologista da Fiocruz concorda e afirma que as vacinas contra covid-19 usadas no Brasil estão em uso em muitos outros países, o que faz com que diferentes órgãos regulatórios e pesquisadores avaliem os resultados e sua segurança.

“Internacionalmente, já são bilhões de doses. Não são vacinas dadas só no Brasil, mas no mundo inteiro. Então, há muita clareza de que há efeitos adversos, mas que são em uma proporção tão ínfima, que os benefícios os superam e muito. E, sobre isso, há uma concordância dos órgãos regulatórios, sejam brasileiros, americanos, europeus, japoneses, australianos. Milhares de instituições estão monitorando os efeitos dessas vacinas, então, há uma tranquilidade imensa de que a gente tem vacinas seguras”.

Para avançar na vacinação, Barreto acredita que é preciso entender por que algumas pessoas não completaram o esquema vacinal e identificar localmente possíveis problemas que podem ter criado dificuldades para que as pessoas retornassem aos postos. O objetivo, reforça ele, deve ser facilitar ao máximo a ida aos locais de vacinação.

Mônica Levi lembra que, em outras vacinas que preveem mais de uma dose, é frequente que a cobertura caia na segunda e terceira aplicação. ” A gente já vê isso na vacina da Hepatite B, por exemplo, que também tem três doses. Esse é um comportamento normal que a gente já via, uma dificuldade de fazer vacinas de várias doses e manter a adesão ao esquema completo”, diz ela, que ainda acha difícil prever se a vacinação contra covid-19 vai ser encerrada na primeira dose de reforço. “Mais para frente, se vamos ter novas variantes que vão obrigar a fazer vacinas diferentes, ou se a imunidade vai cair mais uma vez depois do reforço, só o tempo vai dizer”. (*) Trecho produzido pela Agência Brasil.

 

Fonte: Siga Mais

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